O cineasta e deputado nacional pelo Projeto Sul, Fernando “Pino” Solanas, celebrou a decisão da presidenta Cristina Fernández de Kirchner de expropriar 51% das ações de YPF e considerou que “hoje é um dia transcendente para todos os argentinos”. Solanas considerou que “os governantes que modificam as políticas erradas não se debilitam, mas sim o contrário, porque é um gesto de honestidade e de grandeza que será acompanhado por seu povo”. O artigo é de Francisco Luque, direto de Buenos Aires.
Por Francisco Luque, publicado originalmente na Carta Maior
Buenos Aires – Lideranças políticas, sociais e econômicas da Argentina manifestaram seu respaldo ao projeto de lei enviado pelo governo ao Congresso para a expropriação de 51% das ações da Repsol na YPF e à declaração da autossuficiência em combustíveis como assunto de interesse público, conforme anunciado nesta segunda-feira (16) pela presidenta Cristina Fernández de Kirchner.
“A YPF volta a ser argentina”, assinalou o secretário da Central Geral de Trabalhadores, Hugo Moyano, após o anúncio. O líder sindical destacou a decisão de “retomar o controle sobre a empresa nacional de petróleo”. Por outro lado, Moyano disse que “esperamos que, no calor da alegria popular que essa decisão provoca, não apareçam aproveitadores que, como na privatização, queiram tirar proveito pessoal deste ato manifesto de soberania”. Moyano disse ainda que todas as privatizações realizadas na Argentina significaram o “esvaziamento da pátria”, e enfatizou a coerência do movimento operário que sempre se opôs a essas medidas.
O deputado nacional pelo Projeto Sul, Fernando “Pino” Solanas celebrou a decisão de expropriar 51% das ações de YPF e considerou que “hoje é um dia transcendente para todos os argentinos”. Solanas considerou que “os governantes que modificam as políticas erradas não se debilitam, mas sim o contrário, porque é um gesto de honestidade e de grandeza que será acompanhado por seu povo”.
Já a deputada nacional Victoria Donda, de Libres del Sur, aplaudiu a decisão do governo de passar [a YPF] para as mãos do Estado, e se mostrou partidária de que as autoridades nacionais “desenhem uma política para que essa ação tenha efeito correlato na vida das pessoas”. “Queremos que as pessoas voltem a ver a gasolina comum nos postos de combustíveis, uma vez que evidentemente a política de hidrocarbonetos não impacta só o bolso, mas também a inflação”, declarou a deputada Donda para a Telam.
Um comunicado da Corrente Nacional da Militância, por sua vez, qualificou a decisão da presidenta Cristina Fernández como um “duro golpe para as políticas neoliberais implementadas na Argentina desde a última ditadura militar”.
Os governadores das províncias petroleiras de Chubut, Santa Cruz, Rio Negro e Entre Rios apoiaram o anúncio da presidenta Cristina Fernández de Kirchner de expropriar 51% das ações da YPF e destacaram o papel que isso outorga às províncias em seu próprio desenvolvimento.
O governador de Chubut, Martín Buzzi, agradeceu à presidenta da Nação “pelo fato de dar às províncias produtoras de hidrocarbonetos a condição de detentoras de 49% desse 51% que o Estado possui”, referindo-se ao projeto de expropriação de YPF.
“É um enorme prazer este reconhecimento às províncias produtoras de hidrocarbonetos”, o que permite recuperar a ação estratégica por parte do Estado, decidir de maneira autônoma e convocar outros investidores, operadores e valorizar o solo dos argentinos, que tem enormes possibilidades. “Pedimos ao conjunto de deputados e senadores a aprovação desta lei, que é tão importante para todos”, acrescentou.
O governador de Santa Cruz, Daniel Peralta, pronunciou-se a favor de que a YPF esteja “a serviço da produção e do trabalho e não da especulação financeira” a assegurou: “Não queremos que a YPF se destrua, queremos valorizá-la e colocá-la a serviço do país”. Além disso, disse que está garantido que se sustentará a “cadeia de pagamentos e, absolutamente, as fontes de trabalho”.
O economista Eduardo Curia, por sua vez, se mostrou “de acordo” com a decisão presidencial, observando que “a gestão da Repsol na YPF não dava mais para aguentar”. “Parece-me correta a tentativa de recuperação, de afirmação e controle estatal da YPF. Agora haverá um controle estatal, emendou Curia.
O economista avaliou que, a partir desta decisão, o governo poderá “aplicar uma estratégia diferencial de preços dos combustíveis que favoreçam o mercado interno”. E considerou que poderá fazer isso “de maneira que não prejudique o rendimento da empresa e pensando nas necessidades do país”.
Ministro De Vido assumiu como interventor na YPF
Na tarde de segunda-feira, seguindo o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), firmado pela presidenta, o governo designou o ministro do Planejamento, Julio De Vido, como interventor da companhia petroleira, e o vice-ministro da Economia, Alex Kicillof, como assessor em temas econômicos e financeiros de gestão.
O Decreto de Necessidade e Urgência estabelece “a intervenção transitória na YPF S.A. por um prazo de 30 dias com o objetivo de assegurar a continuidade da empresa, a preservação de seus ativos e de seu patrimônio, o abastecimento de combustíveis e de garantir o atendimento das necessidades do país”.
Tradução: Katarina Peixoto
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