Por Iuri Faria Codas
Faleceu, no último sábado (04), o político peruano Javier Díez-Canseco Cisneros – congressista por mais de trinta anos – devido a um câncer de cólon, descoberto há menos de três meses. Díez-Canseco era um dos maiores ídolos da esquerda do Peru.
Originário de uma família da elite peruana, ainda jovem se juntou à luta socialista em seu país, aderindo ao grupo Vanguarda Revolucionária e sendo eleito presidente do Centro Federado de Estudantes de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP), em 1970. No ano seguinte se elegeu presidente da Federação de Estudantes da PUCP. Foi expulso da universidade por promover uma greve de estudantes e trabalhadores e, logo depois, foi para cidade de La Olorya ajudar na organização trabalhadora dos mineiros da região.
Expulso do Peru pelo regime militar de Francisco Morales Bermúdez devido as suas críticas ao governo e sua participação da greve nacional contra a ditadura, foi para a Argentina e de lá para a França. De volta a seu país, foi eleito deputado constituinte em 1978. Desde então, foi parlamentar quase ininterruptamente nos últimos 35 anos, com exceção do período 1992-1995, quando Alberto Fujimori fechou o Congresso, e entre 2006 e 2011, pois saiu como candidato a presidente nas eleições gerais de 2006.
Sua carreira parlamentar teve longo destaque no país, desde sua defesa do direito ao voto para os analfabetos, passando por seu papel nas investigações e denúncias de casos de corrupção de diferentes governos e violações dos direitos humanos por parte das Forças Armadas, grupos guerrilheiros e paramilitares. Isso lhe rendeu perseguições constantes, tendo sido diversas vezes ameaçado de morte, assim como vítima de sequestro e tentativas de assassinato.
Díez-Canseco apoiou Ollanta Humala nas eleições gerais de 2011, porém rompeu com ele um ano depois, acusando o presidente de não cumprir com sua plataforma eleitoral.
O velório de Díez-Canseco está sendo realizado nessa terça-feira (07), por onde já passaram milhares de pessoas para se despedir de um dos principais líderes da esquerda peruana.
Segue abaixo a nota oficial lançada pelo PT:
O Partido dos Trabalhadores se soma as homenagens feitas pelo povo do Perú, pela esquerda peruana, pelo Partido Socialista, pelos amigos e familiares de Javier Díez-Canseco.
Conhecemos Javier Díez-Canseco como um lutador das grandes causas: o socialismo, a democracia, a integração regional e todas as relativas a dar dignidade à vida dos nossos povos.
Acompanhamos à distância, com tristeza, seus últimos meses de luta. Cada vez que recebíamos notícias suas, suas opiniões, suas esperanças, alimentávamos a expectativa de uma mudança que nos permitisse continuar contando com sua presença por mais algumas décadas.
Agora que chegou o desenlace, abraçamos a cada um dos companheiros e companheiras de Javier Díez-Canseco. E nos comprometemos a seguir lutando, pois esta é sem dúvida a melhor homenagem que podemos fazer a este companheiro de valor.
Rui Falcão, Presidente Nacional do PT
Iriny Lopes, Secretária de Relações Internacionais do PT
Marco Aurélio Garcia, integrante da Direção Nacional do PT
Valter Pomar, integrante da Direção Nacional do PT e Secretário Executivo do Foro de São Paulo
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