BLOG – Você é uma militante ligada aos movimentos de juventude. Sua eleição, no ano passado, representou uma tentativa do PT de retomar o diálogo com esses setores, sobretudo após as manifestações de junho de 2013? Como você observa hoje o diálogo entre o partido e esse segmento da população?
Clarissa Cunha – Fui vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes e participei das manifestações de junho no Rio de Janeiro. Faço parte dessa geração de jovens que viveu as mudanças provocadas pelos governos Lula e Dilma: ampliação das universidades públicas e institutos federais de educação, geração de mais emprego e renda, mais espaços de participação e diálogo com a juventude, mais oportunidades para os jovens do campo. O que as manifestações de junho reivindicaram é a ampliação das conquistas. Os jovens foram às ruas para pedir mais mudanças. Não vimos grandes manifestações pedindo privatização, redução de direitos ou fim das políticas sociais. Minha eleição como vice-presidenta do PT também tem o significado de injeção dessa geração de jovens no partido. Mas o PT fez mudanças na sua estrutura antes mesmo das manifestações. Somos o primeiro partido a definir que sua direção é eleita pelo voto direto dos seus filiados, que deve ser paritário entre homens e mulheres e que 20% dos dirigentes eleitos sejam jovens e outros 20% sejam negros/as e/ou índios/as. Então o PT estava muito adiantado a estas mudanças na conjuntura. Hoje, temos uma presidenta que reúne constantemente com os movimentos sociais de juventude do país. No dia 7 de setembro, a presidenta Dilma recebeu os jovens do movimento social, do movimento feminista, da cultura, e entre eles e elas jovens que organizaram o Plebiscito Popular pela Reforma Política e reafirmou o seu compromisso com essa que é a mais importante das reformas. Indo mais além, ela reafirmou que a reforma política deve ser convocada por um plebiscito, ou seja, com consulta ao povo brasileiro. Creio que essa é a melhor maneira de dialogas com a juventude, apresentando expectativas de futuro, de mais mudanças.
BLOG – O PT está no poder há 12 anos. Isso traz um desgaste natural do partido junto a diversos segmentos da sociedade. Como você avalia o processo de renovação do PT em termos de novos quadros?
Clarissa – O PT tem uma grande capacidade de se renovar desde a sua fundação. Um partido construído com forte protagonismo dos movimentos populares e sindical foi uma grande novidade nos anos 80. Nos anos 90, vimos surgir uma geração de jovens lideranças muito importante. Luizianne Lins, é dessa geração. Foi prefeita duas de Fortaleza e renovou as políticas públicas da cidade. Haddad, em São Paulo, tem renovado fortemente as políticas de habitação, de direitos humanos, de uso do espaço público. Nos dois casos, sofremos muito desgaste, porque enfrentamos fortes interesses dominantes. O candidato a vice-presidente na chapa do PSDB chamou Haddad de autoritário porque construiu uma ciclofaixa nas ruas de Higienópolis, tradicional bairro da elite paulista. Os grandes meios de comunicação não apoiam e não divulgam as boas e novas iniciativas dos nossos governos. O desgaste é muito mais provocado pela campanha midiática de atacar o PT do que pelo fizemos efetivamente. O provocamos de novo é o enfrentamento dos grandes interesses da elite a favor da ampliação de direitos para as maiorias do povo brasileiro. A renovação de quadros do PT é resultado desse projeto. Os novos filiados ao PT são motivados pela grande novidade que é o nosso projeto frente a história de séculos de dominação da elite do nosso país. Não existe hoje no Brasil um projeto mais renovador.
BLOG – Que análise você faz da corrida presidencial?
Clarissa – Estou muito animada com a nossa campanha. Temos dois grandes projetos em disputa. O do PT, com a Dilma candidata a reeleição. E o projeto que propõe retomar a agenda dos anos 90, representado por duas candidaturas: a Marina e o Aécio. À medida que o povo brasileiro, a juventude, as mulheres, a população negra e a camponesa começam a ver o que está em jogo, a Dilma volta a crescer nas pesquisas. Da mesma forma, quando esse mesmo povo percebe que as propostas de Marina e de Aécio levam ao retorno do período em que o país tinha desemprego elevado e que tínhamos menos da metade de universidades que temos hoje, eles começam a cair nas pesquisas.
Nossa estratégia nessa eleição é demonstrar cada vez mais claramente que existem dois grandes projetos em disputa – e não três. A Marina é oposição à história construída por Lula e Dilma no Brasil. Tenho muita esperança que essa história não será interrompida.
BLOG – Quais os objetivos da sua visita ao Ceará durante esta semana? Que impressão do processo eleitoral local você leva em seu retorno para a direção nacional?
Clarissa – Fui eleita vice-presidenta do PT com o objetivo de ajudar na construção desse partido militante. Por isso, tenho circulado esse país, reunindo com nossa militância, discutindo com jovens nos bairros, nas universidades e apoiando nossas candidaturas majoritárias e proporcionais. Aqui no Ceará, participo de atividades com Luizianne Lins, com Elmano de Freitas, com Antonio Carlos. O PT tem candidato próprio ao governo do estado, em amplo crescimento. Nesta sexta (12), participarei uma grande plenária com jovens e LGBTs, para discutir as políticas para mais mudanças para juventude e também a urgente necessidade criminalização da homofobia no Brasil, que é um compromisso assumido pela presidenta Dilma. A agenda aqui ainda não terminou. Mas, de uma coisa tenho certeza: informarei à direção nacional do PT que, no Ceará, temos feito uma grande e bela campanha, que levará à nossa vitória.
Publicação do Blog do Eliomar.