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Mobilização rumo à greve geral – Entrevista com Milton Rezende

2720462Em entrevista ao portal Democracia Socialista, Milton Rezende, bancário, diretor executivo da CUT Nacional e diretor da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF), explica as razões da paralisação nacional ocorrerá dia 22 de setembro em todo o país.

 

Quais os motivos da paralisação que a CUT está convocando para esta quinta-feira, dia 22 de setembro?

Milton Rezende: O dia 22 de setembro tem como caráter ser um “esquenta” para a Greve Geral que a gente quer construir até o final de outubro e início de novembro, já preparando a classe trabalhadora para dar resposta aos ataques que virão: desmonte de direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. A Previdência e a jornada de trabalho já estão na mira dos golpistas. Nossa ideia para oo dia 22 é parar o sistema produtivo, Petrobrás, bancos, Correios, serviços públicos. Vamos fazer um esquenta para a Greve Geral, que deve acontecer no final de outubro.

O que tem acontecido, desde a conformação do Golpe, com os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras?

Milton: Na CUT, há tempos debatemos que o governo golpista de Michel Temer iria chegar com uma agenda negativa de retirada de direitos. A PEC 257 e a PEC 241 têm como objetivo principal o desmonte do Estado e a reforma da Constituição de 1988. Essas propostas já estão na pauta do Congresso e já no início de outubro devem ir à votação. Juntamente com isso, tem a proposta nefasta de reforma da Previdência e a venda do pré- sal. São pautas que preocupam muito a CUT e estamos sempre discutindo como responder a essas ações do governo golpista. Por isso, estamos construindo a paralisação do dia 22 de setembro. Já temos no calendário da CUT o dia 05 de outubro, que é o Dia Nacional de Luta do Serviço Público. Neste dia, entra como pauta principal a PEC 241, que vem para desmontar o Estado, desconstruir o fortalecimento do serviço público que havia sido recomposto durante os governos Lula e Dilma.

Na CUT, muito tem se falado e mobilizado em torno do projeto de terceirização e do negociado sobre o legislado.

Milton: São temas que estão na pauta do governo e do Congresso golpistas, e por isso debatemos constantemente. Trata-se de uma agenda extensa de reformas, na verdade contrarreformas, de retiradas de direitos. O tema da terceirização está bem avançado, está em discussão no Senado. O objetivo é consolidar a terceirização na atividade fim. E as PECs 241 e 257 entram em discussão no Congresso na primeira quinzena de outubro.  A pauta do negociado prevalecendo sobre o legislado entra na PEC 241. Todavia, não existe um projeto acabado de reforma trabalhista, e estimamos que em outubro o governo golpista apresentará uma proposta, algo que na avaliação da CUT será de desmonte dos direitos.

Qual será a postura da CUT diante desses projetos?

Milton: A CUT já se manifestou: não aceitará, tampouco negociará uma pauta que retire direitos da classe trabalhadora. Primeiro, porque não reconhecemos esse governo, fruto de um golpe, e porque a CUT não aceita ou participa de nenhum fórum de retirada ou flexibilização de direitos. Nossa resposta é organizar a classe trabalhadora e construir a greve geral.

Considerando que a classe trabalhadora tem motivos de sobra para ir às ruas no dia 22 de setembro, de que maneira as CUTs estaduais, os sindicatos e ramos estão convocando a paralisação para esta quinta-feira?

Milton: Estamos construindo uma unidade de ação com todas as centrais sindicais. Então não é só a CUT que está organizando seus sindicatos filiados e ramos para essa mobilização, as outras centrais sindicais também estão participando dessas atividades. Já fizemos várias reuniões com os ramos e teremos fortes paralisações pelo país afora no serviço bancário, transportes, setor público, e serviços em geral. Também dialogamos com outros setores do movimento social, especialmente aqueles que compõem a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, que estão comprometidas com a construção do dia 22.

Para a greve geral já temos uma data ou planejamento?

Milton: A ideia não é uma data definida a partir da CUT, mas de uma construção de Greve Geral com os movimentos sociais e com as outras centrais sindicais. No dia 26 de setembro, a Executiva Nacional da CUT se reúne novamente e pretendemos discutir nossas ações e diálogos para a Greve Geral. Construiremos uma agenda de lutas a partir do acúmulo que já temos, em contrariedade ao desmonte do Estado e ataque dos direitos trabalhistas, e em conjunto com as Frentes Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo.

Um último recado para quem está nos sindicatos, nas fábricas, em contato direto com os trabalhadores e trabalhadoras na construção da paralisação e rumo à Greve Geral?

Milton: Dia 22 de setembro deve ser um grande dia de paralisação e de preparação para a Greve Geral. A classe trabalhadora precisa estar muito consciente do que é esse governo golpista do Michel Temer e suas propostas de contrarreforma do Estado, dos ataques aos nossos direitos, de reforma Previdência. Enquanto sindicalistas, precisamos mostrar os efeitos nocivos da PEC 257 e 241 e organizar a resistência pelo “Fora Temer” e contra essas reformas nefastas. Vamos mobilizar o povo trabalhador para ocupar as ruas!

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