O povo gaúcho assistiu com perplexidade a reunião derradeira da comissão especial que avaliava o pedido de impeachment contra Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul, no último dia 8 de outubro. Lá, mais uma vez, os deputados aliados manobraram para impedir questionamentos de mérito e método. Um dos desdobramentos daquela triste tarde de 8 de outubro foi a acusação descabida que Zilá Breitenbach aplicou a Raul Pont. Leia aqui a nota assinada por centenas de mulheres em apoio ao deputado.
Como disse o próprio Raul, “a violência veio daqueles que rasgaram a Constituição”.
O povo gaúcho assistiu com perplexidade a reunião derradeira da comissão especial que avaliava o pedido de impeachment contra Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul. Mesmo sabendo que a opinião dos gaúchos e gaúchas era pelo impeachment da governadora, por a considerarem culpada (como atestou a última pesquisa do Ibope), a conclusão orquestrada pela maioria governista na comissão e lido em reunião pela relatora e então presidenta estadual do PSDB, Zilá Breitenbach, foi pela absolvição da governadora.
Assim como ao longo de todo o processo de denúncias, tentativas de investigação (sempre sabotadas pelo governo e pela base governista na Assembleia Legislativa), naquela reunião, mais uma vez, os deputados aliados manobraram para impedir questionamentos da ordem do mérito e do método que ali estava colocado – ou melhor, imposto. E independentemente do que a oposição argumentava, o relatório seguia sendo lido pela deputada tucana, e a sessão era mantida com mãos de ferro pelo deputado Pedro Westphalen (PP), presidente da comissão. O alvoroço entre deputados do governo e da oposição, incrementado pela manifestação popular que tomava conta da A.L. e pelos correligionários da governadora tornou-se inevitável.
Um dos desdobramentos daquela triste tarde de 8 de outubro foi a acusação descabida que Zilá Breitenbach aplicou a Raul Pont. Indignadas, quase 200 mulheres de várias regiões do Rio Grande do Sul e de fora dele, militantes dos movimentos de mulheres e de diversos movimentos sociais, educadoras, sindicalistas, psicólogas, advogadas, médicas, jornalistas, estudantes, escreveram para o gabinete do deputado perguntando: ninguém vai fazer nada? Queriam manifestar seu apoio ao deputado Raul Pont por sua história reconhecidamente solidária à luta das mulheres.
Leia a nota apresentada por essas mulheres em apoio ao deputado Raul Pont, em defesa de sua trajetória de proximidade com o feminismo e de sua luta em defesa dos direitos humanos.
Raul Pont, um aliado das lutas das mulheres
Ao escrever, em sua Pagu, que “nem toda feiticeira é corcunda”, Rita Lee lançou um apelo implícito: por favor, não nos generalizem pela simples condição feminina. Muito antes da cantora e compositora brasileira, a filósosa francesa Simone de Beauvoir concluía: “não se nasce mulher, torna-se mulher”.
Com a ascensão do movimento feminista, uma nova palavra de ordem incorporou-se à luta pela igualdade: “não basta ser mulher”. Era um posicionamento demarcador do propalado “feminismo da diferença” e que entendia o movimento feminista não como contrário aos homens, mas como um apelo para que homens e mulheres caminhassem lado a lado, construindo a igualdade de condições e oportunidades.
Esse chamado vem conquistando homens e mulheres através dos séculos, contabilizando incontáveis avanços das mulheres nas mais diferentes esferas de atuação. Nós, que fazemos parte dessa história, reconhecemos no deputado estadual Raul Pont um aliado da nossa luta.
Raul Pont, um militante dos direitos humanos e das liberdades políticas, ainda estudante universitário enfrentou a ditadura militar. Foi preso e torturado e conhece muito bem as marcas que a violência deixa e que o tempo não apaga.
Enquanto parlamentar e prefeito esteve sempre atento às reivindicações dos movimentos de mulheres, presente em nossos atos e defendendo a eqüidade de participação das mulheres nas mais diversas esferas. Os avanços das políticas públicas para as mulheres em Porto Alegre passaram por sua administração. A busca de mais recursos no orçamento do Estado, conta com sua voz na defesa permanente.
Ao contrário de Raul Pont, a deputada Zilá, do PSDB, votou contra emendas importantes que ampliavam recursos para as mulheres no orçamento público. Além disso, sua figura é ausente nas atividades e debates promovidos pelos movimentos de mulheres.
Assim, não podemos aceitar caladas à tentativa de vitimização da parlamentar. Que a deputada se sinta agredida pelo gesto de baixar o microfone quando a sessão estava interrompida é um sentimento seu – pessoal. Não é – e nem seria em hipótese alguma – uma agressão “a todas mulheres gaúchas” como, de maneira pretensiosa, declarou Zilá. Ela está muito longe de representar todas as mulheres gaúchas. Ela não representa sequer todas as parlamentares do Legislativo Gaúcho.
Na defesa da história militante de Raul Pont.
No reconhecimento à sua presença na luta das mulheres.
Na convicção de que a verdade é revolucionária.
Repudiamos todas as tentativas de transformar o deputado Raul Pont no desvio de foco da CPI.
Porque a calúnia pode ser uma violência maior. Ela não fere a carne, mas atinge a honra.
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