A última edição do programa “No Jardim da Política”, transmitido pela Rádio Brasil de Fato às quintas-feiras a partir das 14h30, teve como convidada a psicóloga e coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Nalu Faria. Ela também coordena a Sempreviva Organização Feminista (SOF). O rapper e compositor paulista Crônica Mendes também concedeu entrevista ao programa. No bate-papo, o artista ressaltou que a arte tem no atual contexto do país: “é a resistência para nossa existência”.
A Marcha Mundial das Mulheres teve início em 2000 e se espalhou por diversos lugares do mundo, contou Nalu. Atualmente, são 70 países, e o Brasil protagoniza a marcha de mulheres considerada mais relevante. A mobilização atua com uma agenda feminista anti-sistêmica e vai além das questões políticas no Congresso. Temas como saúde, moradia, soberania alimentar, sexismo, racismo, entre outros, fazem parte da bandeira destas mulheres, que buscam uma sociedade mais justa.
Enfrentar a sociedade como mulher é carregar questões de séculos, onde as mulheres sempre foram culpadas e estereotipadas ao longo dos anos como forma de controle. “A história de castigo e estigma das mulheres é muito grande e é uma arma poderosa para minar nossa força. Mulheres são sempre tratadas como seres não pensantes nos meios de comunicação, reforçando estereótipos e desigualdades”.
Nalu explica que o protagonismo e a resistência das mulheres já vem de muito tempo e vê com bons olhos os pequenos avanços atuais, como a grande mobilização orgânica protagonizada por mulheres de todo o Brasil em torno da campanha #elenão, contra a candidatura misógina de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência.
O pequeno aumento de cadeiras ocupadas por mulheres no Congresso também é algo positivo, porém, longe de ser o ideal: “Como o sistema político brasileiro é pouco democrático, esses avanços sempre são limitados. A gente tem que buscar construir força popular”, afirma.
A psicóloga também elogia as políticas públicas dos governos Lula e Dilma, que permitiram o protagonismo das mulheres de forma mais efetiva por conta da articulação entre políticas como o “Minha Casa, Minha Vida” e o “Bolsa Família”, que são cadastrados nos nomes das mulheres.
Ainda sobre as especificidades de ser mulher em uma sociedade patriarcal, questionada por uma ouvinte sobre o feminismo rejeitar o feminino, Nalu explica que o movimento feminista não aceita o feminino criado e imposto pela sociedade patriarcal: frágil, inferior e ruim, pertencente à estereótipos de gênero. Porém, ressalta que o feminino real, com as qualidades das mulheres como criação de vínculos e desenvolvimentos de habilidades, é preciso enaltecer.
Acompanhe o programa No Jardim da Política na Rádio Brasil de Fato pelo site ou pelo aplicativo do BdF disponível no Google Play. O programa tem duração de 1h30 e também será transmitido no Facebook. É possível contribuir com perguntas e comentários através do número da Rádio BdF (11) 94503-4203.
Ouça o programa aqui.
Matéria publicada originalmente no Brasil de Fato.
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