De nós
restará algo mais do que o gesto ou a palavra:
este desejo ardente de liberdade,
esta embriaguez,
é contagiante!
Gioconda Belli
Nalu Faria, feminista, histórica dirigente da Marcha Mundial das Mulheres, do Partido do dos Trabalhadores e da Democracia Socialista, faleceu hoje, 6 de outubro, devido a uma parada cardíaca. Contudo, seu coração segue pulsando em cada uma e um de nós. Sua força de viver, sua dedicação e sua luta permanecem vivas, pois sua perda física não nos tira seu exemplo, que segue sendo semente para a construção de um horizonte revolucionário.
Nascida em Água Comprida, no Triângulo Mineiro, Nalu Faria iniciou sua militância política no movimento estudantil, durante o curso de Psicologia nas Faculdades Integradas de Uberaba (FIUBE). Participou da fundação do PT em Minas Gerais e, em 1983, se juntou à construção do partido em São Paulo.
Integrou a Democracia Socialista, tendência do Partido dos Trabalhadores, sendo decisiva para que ela se tornasse uma corrente feminista. Carregava a força, a solidariedade e o espírito revolucionário, contribuindo generosamente para a formação de gerações de militantes. Seu coração latino-americano e internacionalista ajudou a convocar mulheres e homens das várias partes do mundo em uma ação militante comprometida, radicalmente transformadora e sempre cheia de esperança.
Desde 1986, atuante na Sempreviva Organização Feminista, construiu um feminismo que aliou teoria, prática e unidade das trabalhadoras do campo e da cidade. Sempre acreditou na capacidade transformadora da ação feminista, a partir da prática coletiva, irreverente, libertária, solidária e ancorada na educação popular. Acreditava que as mulheres, quando se juntam na luta, ganham força de vida. É parte imprescindível da história das lutas sociais, feministas, antirracistas, antineoliberais e anticoloniais do nosso tempo.
Firme nos propósitos e convicta nos ideias de outro mundo possível, a revolução socialista, internacionalista e feminista perde um dos seus melhores quadros, uma das suas militantes mais dedicadas e aguerridas. Nalu nos ensinou a ir sempre além, a questionar as estruturas, cultivar a crítica em prol da ação coletiva e a sermos sempre firmes. Sua generosidade, companheirismo e sua amizade vão sempre deixar muitas saudades.
Não mais compartilharemos de sua presença física, sua firmeza e coerência, mas ela estará presente com seu exemplo de luta, por meio da construção do feminismo do campo popular e socialista no Brasil, na América Latina e no mundo. Nalu encarnava e deixou em nós um pouco da práxis da verdadeira revolucionária: doou sua vida à causa coletiva, de maneira aguerrida, solidária, corajosa e dedicada, sem perder a ternura. Quem é mesmo a morte para ter a pretensão de finar uma vida tão bela?
Uma revolucionária nunca morre. A luta de Nalu faz com que ela siga viva em todas aquelas companheiras e companheiros que compartilharam o mesmo espaço-tempo físico que ela e os mesmos sonhos, e seguirá nas próximas gerações, provocando irreverência e rebeldia para a construção e transformação cotidiana rumo a um mundo novo. Seguiremos em Marcha, carregando o espírito libertário de Nalu em cada luta feminista, anticapitalista e de rebeldia do nosso tempo.
Nalu, presente!
Democracia Socialista
HOMENAGEM
O velório de nossa companheira Nalu Faria acontecerá no domingo, dia 08 outubro, a partir de 10h, no Galpão do Armazém do Campo (Alameda Eduardo Prado, 474, Campos Elíseos). Saindo às 15h para o Crematório de Vila Alpina, onde acontecerá a cerimônia de cremação às 16h.
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