“É o marxismo o futuro da ecologia política? Se esta pergunta surpreenderá os novos na corrente ecossocialista, os demais reconhecerão nela a orientação fundamental da obra de John Bellamy Foster: ver no modo de produção capitalista a principal causa da destruição da natureza, bem como das vidas humanas, e ligar novamente a Marx as lutas ecológicas da esquerda contemporânea”. A reflexão é de Bertrand Vaillant, em resenha publicada por La Vie des Idées, 12-12-2022. A tradução é do Cepat. Confira:
É o marxismo o futuro da ecologia política? Se esta pergunta surpreenderá os novos na corrente ecossocialista, os demais reconhecerão nela a orientação fundamental da obra de John Bellamy Foster: ver no modo de produção capitalista a principal causa da destruição da natureza, bem como das vidas humanas, e ligar novamente a Marx as lutas ecológicas da esquerda contemporânea.
Com Brett Clark, também professor de sociologia nos Estados Unidos, propõem assim em Le plillage de la nature (A pilhagem da natureza), publicado por Éditions Critiques, 2022, uma trajetória que vai dos estudos dedicados por Marx aos efeitos do capitalismo sobre as terras agrícolas, os animais, a alimentação e a saúde humana, até as lições que o movimento ambientalista deve tirar para enfrentar a urgência das crises ambientais.
O livro é essencialmente uma antologia de artigos publicados pelos dois autores na Monthly Review – revista dirigida por Foster e lar do eco–marxismo americano – mais ou menos reescritos e adaptados para a ocasião. No entanto, mantém uma coerência real, e o leitor ganha a possibilidade de ler os capítulos independentemente uns dos outros, sem se perder em repetições às vezes irritantes para uma leitura seguida.
Se A pilhagem da natureza se apresenta como uma resposta à emergência contemporânea, trata-se sobretudo de estudos temáticos dos compromissos de Marx que hoje qualificaríamos de ecológicos, os autores procurando mostrar não somente que ele havia percebido algumas dessas questões, mas que as teorizou a fundo com base no conhecimento de sua época, graças aos conceitos de “metabolismo social”, “ruptura metabólica” ou mesmo “expropriação” ou “pilhagem” da natureza pelo capital.
Esta é uma oportunidade para aprofundar a grade de leitura ecomarxista que eles vêm desenvolvendo há vários anos com Paul Burkett (1), entre outros. É também a ocasião para aprofundar o debate com os ecologistas críticos do marxismo, especialmente com a “ecologia–mundo” de Jason W. Moore, considerado timidamente reformista e solúvel na economia de mercado. Para os autores, o retorno a Marx, pensador da separação entre homem e natureza no capitalismo, é a via necessária para uma ecologia emancipatória e a luta revolucionária que ela implica.
Leia o texto na íntegra clicando AQUI.
Via Instituto Humanitas Unisinos.
Comente com o Facebook