Após 12 anos de governo do PT na Bahia, o governador Rui Costa obteve a maior vitória eleitoral da história do estado, com 75,5% dos votos válidos. Se considerarmos que as três vitórias foram obtidas no primeiro turno, mais o fato de Fernando Haddad (PT) ter vencido em 411 das 417 cidades da Bahia, alcançando 72% dos votos válidos e, não menos importante, as vitórias anteriores e igualmente expressivas de Lula e Dilma na Bahia, parece-nos que a compreensão da aprovação popular ao projeto petista requer a observação do fenômeno para além das paixões ou preconceitos partidários.
Eu diria que esta resposta está ancorada em três eixos estruturais. Um novo ambiente político, a inversão de prioridades e uma bem-sucedida articulação com um projeto federal desenvolvimentista.
O tempo passa rápido e é natural que nos acostumemos com a realidade presente, mas nem sempre a Bahia foi tal como é hoje. Antes do PT, a Bahia “tinha dono”, ou melhor: havia quem se supunha dono do estado.
Depois do PT, a Bahia pode experimentar uma postura republicana do Governo do Estado. Sem as velhas perseguições aos críticos e adversários. Foram nos governos do PT que se criou um novo ambiente em que o respeito e a civilidade imperam nas relações políticas e institucionais.
Malgrado a crise financeira do país e o cenário de endividamento e inadimplência de diversos estados, a Bahia permanece com níveis de investimentos invejáveis. Enquanto diversos estados estão a atrasar até mesmo o pagamento dos salários dos servidores, a Bahia consolida-se entre os líderes de investimentos públicos no país. Para se ter uma ideia, em 2016 os investimentos cresceram 41,42% a mais do que no ano anterior. Há alguns anos a Bahia é o segundo estado com mais investimentos públicos, ficando atrás somente do estado mais rico da federação, São Paulo.
Ao longo dos 12 anos, o governo petista vem descentralizando a saúde, com a ampliação da oferta de serviços de média e alta complexidade no interior. Isso somente foi possível com o fortalecimento do SUS por meio da ampliação da atenção básica, a construção de hospitais regionais e centros de saúde, como as policlínicas.
O cuidado com a área social foi estendido às outras áreas. Esse é o caso do metrô de Salvador, terceiro maior do país, os novos aeroportos e demais obras viárias. Além disso, o estado planeja construir a ponte Salvador – Itaparica, o Porto Sul em Ilhéus, destino final da ferrovia Oeste-Leste, que cruzará a Bahia, de Barreiras ao litoral.
Quem mora em Salvador sabe. Foi o Governo do Estado quem realizou as mais importantes obras viárias e de mobilidade urbana da história da cidade. Da mesma forma, é também o Governo do Estado que revitaliza as ruas do Centro Histórico, e tudo isso impacta positivamente no turismo. Não foi à toa que a capital baiana foi indicada pelo jornal The New York Times como um dos destinos internacionais a serem visitados em 2019.
Por sua vez, o projeto de desenvolvimento nacional posto em prática pelos governos de Lula e Dilma, interrompido por um golpe, permitiu a junção de esforços entre os governos federal e estadual na busca de soluções para os graves problemas do povo da Bahia.
Com Lula, Dilma, Wagner e Rui, a Bahia se beneficiou com o impulsionamento da construção civil e iniciativas como a instalação de um parque eólico que já disputa a liderança nacional no setor. Isso sem contar com o maior programa habitacional de sua história – Minha Casa, Minha Vida – ou ainda o mais abrangente acesso à eletrificação rural de que temos notícia, por meio do Programa Luz para Todos.
Com programas como o Bolsa Família e a política de valorização do salário mínimo, a roda da economia voltou a girar, milhares de baianas e baianos saíram da linha de pobreza e adentraram no mercado de trabalho. Com o PT no governo, a Bahia ganhou cinco novas universidades federais. Milhares de nossos conterrâneos puderam ingressar no ensino superior. Antes, a Bahia tinha uma única universidade federal.
Eis o verdadeiro segredo do reconhecimento do povo baiano, manifestado nas urnas, tanto nas expressivas vitórias consecutivas do PT, quanto no formidável desempenho de Lula, Dilma e Haddad no estado. O povo baiano votou em quem melhorou sua vida.
Portanto, se alguém lhe perguntar o que é que a Bahia tem, você pode responder sem medo: o povo mais alegre do Brasil, muito trabalho, compromisso com quem mais precisa e resistência democrática.
Robinson Almeida é deputado estadual (PT-BA).
Originalmente publicado em Revista Fórum.
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