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O recado do povo aos governantes

A reunião dos presidentes de Brasil, Venezuela, Paraguai, Bolívia e Equador, em atividade do Fórum Social Mundial, por si só, já seria um grande evento. Mas, por incrível que pareça, a foto, histórica, de Lula, Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e Fernando Lugo, em evento com mais de 10 mil pessoas de todo o mundo, não mereceu a capa de nenhum jornal de grande circulação no país.

No entanto, a energia dessas milhares de pessoas, com certeza, contagiou os cinco presidentes latino-americanos. Com vontade de mudar o mundo, os presentes à atividade colocaram-se à disposição da luta, acreditando que, como disse o presidente Evo Morales, esse mundo diferente já está sendo construído no FSM.

Tenho defendido que, para mudar o mundo, precisamos de uma boa teoria, com o diagnóstico da situação estrutural e conjuntural deste momento de crise do neoliberalismo, de derrocada das orientações dos órgãos do capital financeiro que, como disse o presidente Lula, davam notas aos países pobres e faliram.

Mas precisamos também de uma nova cultura, uma nova ideologia, baseada em valores como a solidariedade, o respeito à natureza, a justiça, entre outros. Essa nova cultura, como qualquer cultura, qualquer ideologia, não se aprende nos livros, não se aprende em aulas teóricas, mas na luta. Aprende-se na convivência. Aplica-se na vida e não nos textos.

O sentimento de pertencimento a um conjunto mais amplo de pessoas – aqueles e aquelas que querem um outro mundo melhor para todos e todas e que acreditam que esse mundo é possível e, como enfatizado pelos presidentes latino-americanos, necessário – é uma força que cria, ou mantém, a chama libertária, sem a qual não há transformação social. O Fórum Social Mundial é, portanto, portador da energia necessária à transformação social. Da construção de uma nova cultura.

Os presidentes, que foram ao FSM falar, também ouviram. Não apenas daqueles e daquelas a quem foi dada a oportunidade de se manifestar no microfone. Mas a força daquelas milhares de pessoas transmitiam aos presidentes uma clara mensagem: estamos aqui com força e disposição para mudar o mundo, acreditamos que um outro mundo é possível, lutamos por ele porque é necessário.

Presidentes, sigam no rumo da construção de outro mundo, alternativo ao capitalismo. Nós estamos aqui para lutar por esse mundo.

Eduardo Tadeu Pereira, prefeito de Várzea Paulista, é professor de História e mestre em Educação.

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