Uma nova escalada da violência abala o Egito. Um dia após a morte de mais 50 pessoas em protestos, a maioria delas no Cairo, ao menos sete membros das forças de segurança foram mortos em dois ataques, um perto da cidade de Ismailiya, e o outro no Península do Sinai. Um terceiro ataque contra antenas de televisão pública na capital causou dois feridos. Até o momento, não se sabe a autoria dos ataques, que aconteceram na manhã desta segunda-feira (07/10).
No domingo, simpatizantes do ex-presidente Mohamed Mursi, deposto no dia 3 de julho, tentaram entrar na Praça Tahrir, no centro da capital, onde milhares de manifestantes que defendem o Exército se reuniam para marcar o 40º aniversário da guerra entre o Egito e Israel, em 1973. A investida foi brutalmente reprimida pelo exército, deixando dezenas de mortos. O ministério do Interior descreveu os confrontos como uma tentativa da Irmandade Muçulmana de “arruinar as celebrações e provocar atritos com as pessoas”.
Mas não foi apenas no Cairo que houve violência. Os protestos deste domingo terminaram em confronto em diversas cidades do país. Em Delga, a 300 quilômetros ao sul da capital, uma pessoas foi morta. O mesmo aconteeu em Bani Suef, a 80 quilômetros do Cairo.
Uma nova onda de protestos está preparada para esta semana. Uma aliança que inclui a Irmandade Muçulmana, movimento ao qual Mursi faz parte, pediu aos egípcios para organizar mais manifestações contra o golpe militar na terça-feira e tomar a emblemática Praça Tahrir – palco das manifestações da Primavera Árabe – na sexta-feira. O movimento Tamarrod, responsável pelas grandes manifestações que culminaram com a queda de Mursi do poder, também convocou seus seguidores a “ocuparem todas as praças do Egito” neste domingo para defender a revolução de 2011.
A Irmandade acusa os militares de liderarem um golpe e sabotarem a democracia egípcia com a remoção de Mursi, o primeiro presidente eleito livremente no país, preso após ser derrubado da Presidência. No dia 14 de agosto, autoridades egípcias atacaram dois acampamentos pró-Mursi no Cairo, deixando centenas de mortos, para depois declarar Estado de emergência e impor um toque de recolher.