O PT tem uma responsabilidade enorme em suas mãos. Sabemos que as elites são incapazes de mobilizar as forças necessárias para a construção de um desenvolvimento de novo tipo no Pará, o que, alías, não lhes interessa.
Somente o PT pode liderar um bloco de forças democráticas e populares que apresente alternativas para superarmos nossas enormes mazelas. Isso envolve alianças, sem dúvida. Alianças sociais, com movimentos organizados e com a opinião pública progressista. Alianças eleitorais, que podem ser muito amplas, contanto que resguardem um mínimo de coerência programática e que apontem para a transformação social.
Defendemos que o PT liderere um bloco social de esquerda, que envolva partidos, correntes e movimentos sociais progressistas e que este bloco estabeleça uma relação com os partidos do centro ou de setores não hegemônicos da burguesia (PMDB, PR, PTB, PP, etc) a partir de acordos programáticos mínimos. Essa distinção é necessária para não criar símbolos incongruentes e não gerar conturbações, que inclusive marcaram nossa experiência frente ao governo do Pará. A nitidez política na construção das alianças é questão fundamental.
Outro aspecto que é central para nosso futuro como partido, por ser cláusula pétrea na nossa relação com o povo é o fato de não podemos trair os interesses dos milhões de excluídos do campo e da cidade – jovens, mulheres, negros, lgbtts, militantes dos direitos humanos, da saúde e da educação pública, da reforma urbana, da cultura, do meio ambiente e da democratização dos meios de comunicação – sob a desculpa do sacrifício por um projeto nacional. Concordamos que nosso projeto de reeleição da presidenta Dilma é o ponto central na tática para 2014, mas esse objetivo não pode destruir simbólica e materialmente o PT, ao transformá-lo em sublegenda de projetos contraditórios com o nosso programa histórico. Os objetivos do projeto nacional não podem ser antagônicos aos projetos de democratização institucional e afirmação de mudança progressista nos estados.
Temos clareza absoluta que o nosso principal adversário em 2014 – e nos anos vindouros – é o partido dirigente da direita, o núcleo mais dinâmico do projeto da burguesia de nosso estado: o PSDB. Ele é o principal empecilho para a construção de um Pará de todos e todas.
Somos, portanto, ardorosos defensores de que o PT apresente CANDIDATURA PRÓPRIA para o governo do estado em 2014. Estamos em um estado por nós recém governado e não faz sentido abrir mão de nosso protagonismo em uma eleição que tem dois turnos. Além de causar confusão na nossa base social, a ideia de não lançar candidato empobrece terrivelmente o processo eleitoral e dá a chance para que outras forças políticas ocupem o espaço do PT no espectro da esquerda.
Abrir mão de candidatura própria significa evitar comparações entre nosso governo e o do PSDB, já que PMDB compartilhou com os tucanos uma avaliação comum da gestão Ana Júlia, o que os levou, inclusive, a apoiar Jatene no segundo turno das eleições de 2010.
De maneira prática, sabemos ainda que uma chapa única com o PMDB no primeiro turno carrearia menos votos para Dilma, tanto pela diminuição de palanques, quanto pela antecipação do segundo turno. Uma eleição curta e de frágil polarização é algo que interessa sobremaneira ao PSDB. Não podemos desaparecer sob escombros de acordos táticos. Nosso rumo é a tática vitoriosa da eleição de 2006. Dois palanques, em coordenação com nossos principais aliados nacionais, dentre eles, o PMDB.