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Patrus Ananias destaca unidade do PT de BH para a disputa eleitoral

17-09-2010 - Juiz de Fora/MG. O candidato ao Governo   de Minas Gerais pela coligacao "Todos juntos por Minas" PMDB/PT/PCdoB/PRB, Helio Costa, Patrus Ananias, Dilma, Lula e liderancas participaram  de comicio na cidade de Juiz de Fora/MG. Foto: Leonardo Lara/Aldeia

Do site do PT

O candidato do PT à Prefeitura de Belo Horizonte, ex-ministro Patrus Ananias, que já governou a capital mineira de 1993 a 1996, destacou em entrevista ao jornal Metro a questão da mobilidade urbana como um dos grandes desafios para a cidade.

“É fundamental que a cidade seja um espaço mais prazeroso, de construção de relações. Então, precisamos que as pessoas circulem com tranquilidade e paz, seja no transporte coletivo, seja no veículo, de bicicleta ou a pé”, ressaltou Patrus.

Leia a íntegra da entrevista de Patrus Ananias:

A dobradinha PT/PSDB para eleger Lacerda parecia inevitável. Entretanto, em poucos dias, o cenário mudou completamente. Qual a sua opinião sobre isso?

O cenário mudou porque houve uma mudança de posição por parte do PSB em relação ao compromisso que o partido havia assumido conosco, com o PT, no que se refere à chapa proporcional de vereadores. Para nós, do PT, mais do que a chapa proporcional, o que nós esperávamos, que o PSB nos prometeu e não cumpriu, era um gesto de respeito, um gesto de delicadeza em relação ao nosso partido, pelo o que nós representamos em BH, em Minas e em todo o Brasil. Fizemos muitas concessões para garantir a aliança, que acabou não dando certo.

Como surgiu o seu nome?

Eu tenho uma história em BH e em todo o Brasil, fui prefeito da cidade e muitas pessoas lembram até hoje, implantamos no governo Lula com muito êxito o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, fui o deputado federal mais votado da história de Minas e muito mais. Ou seja, meu nome sempre é colocado em pauta. Quando ocorreu a mudança, fui procurado pela militância do PT e também de outros partidos para que eu colocasse o meu nome à disposição.

Roberto Carvalho, que era o pré-candidato do PT, aceitou com tranquilidade a retirada do nome dele?

Foi um processo construído politicamente, democraticamente e hoje nós estamos rigorosamente unidos. O grande acontecimento no início dessa campanha é a unidade do PT e a aliança que fizemos com muitos partidos, que estão unidos,  especialmente o PMDB e o PC do B. O Roberto é meu amigo pessoal há quase 40 anos. Quando eu fui procurado, coloquei alguns pressupostos e um deles foi a unidade do PT e o mais absoluto respeito ao Roberto Carvalho no sentido de que buscássemos um diálogo de respeito entre as partes. E foi isso que ocorreu. Ele apoia a candidatura.

Como é a sua relação com o atual prefeito?

É uma convivência respeitosa. Recebi dele algumas manifestações positivas e isso é interessante. Espero que nós façamos uma campanha com ética e respeito,  programática como merece a população de BH. Aqui, as pessoas votam com consciência. É um povo esclarecido. Então, é uma relação de conhecimento, mas temos nossas diferenças políticas. Ainda que estivéssemos caminhando para uma perspectiva da aliança, teríamos diferenças visíveis,  ainda mais em relação aos movimentos sociais, na prioridade aos mais pobres, na questão da democracia participativa e são esses temas que nós vamos debater na campanha.

Quais são as maiores virtudes para se administrar?

BH é uma cidade que tem aspectos muito positivos. Quando fui prefeito, entre as muitas realizações que consegui, fiquei muito feliz por recuperar a autoestima da população. É uma cidade extraordinária, já que tem uma dimensão que reflete todo o nosso Estado, no sentido mais bonito e profundo da palavra, que é a nossa dimensão provinciana. É uma cidade universal, que dialoga com o Brasil e com o mundo. É espetacular o envolvimento da cidade com a cultura. Temos muitas bandas, grupos, cantores e grupos teatrais e de dança mundialmente reconhecidos. Além disso, é uma cidade que trouxe ao mundo alguns dos maiores escritores da história. Ou seja, é uma cidade com uma vocação esplendida e que não pode ser deixada de lado.

O que existe de mais urgente para se fazer?

Uma das questões que eu acho que é um desafio imediato é a questão da mobilidade urbana. É fundamental que a cidade seja um espaço mais prazeroso, de construção de relações. Então, precisamos que as pessoas circulem com tranquilidade e paz, seja no transporte coletivo, seja no veículo, de bicicleta ou a pé. O importante é nós destravarmos a cidade, e a melhor forma de se fazer isso é melhorar o transporte público. Um outro desafio que eu vejo como urgente é continuarmos sempre a luta no campo social, sempre trabalhando para melhorar a vida de todas as pessoas, mas especialmente dos mais pobres. Vejo que está aumentando a população de rua,  as crianças de rua, e isso é  algo urgente para se resolver. Estamos vivendo também um problema de moradias e temos que ajudar aqueles que mais precisam.  Ainda faltam leitos em BH e há filas para marcação de consultas eletivas.

Como o Sr. pretende diminuir esse problema?

Olha, a questão do SUS, que é uma grande conquista,  implica uma ação integrada entre o governo municipal, estadual e federal. Quando fui prefeito, nós colocamos a cidade como a primeira que municipalizou a saúde. Tivemos alguns avanços nos últimos anos, mas penso que devemos avançar muito mais no sentido do sistema. Temos que garantir melhor atendimento nos postos de saúde, de tal maneira que as pessoas não demandem no primeiro momento já o atendimento hospitalar. Que a gente tenha um processo que vá  desde o posto de saúde, que é a porta de entrada do sistema, até chegar aos hospitais. Irei fortalecer a distribuição de medicamentos, estruturar as unidades e valorizar os profissionais. A experiência da saúde da família também apresenta bons resultados e nós podemos aperfeiçoar essa área.

O Sr. tentará tirar o metrô  de BH do papel?

É fundamental que a cidade tenha um metrô de qualidade e nós vamos trabalhar vigorosamente nesse sentido, inclusive atualizando os projetos. Eu sei, por exemplo, que o projeto do Calafate ao Barreiro é fundamental, mas é um projeto que hoje está superado. As condições mudaram e muitas pessoas ocupam os espaços do projeto anterior. Ou seja, temos que agir com realismo e com os pés no chão. Temos que ser mais ousados e discutir na mesa a questão do metrô cruzando Belo Horizonte no sentido Venda Nova até a região Centro-Sul. É um projeto viável sim, mas não pode ser feito de um dia para o outro. Exige ações muito bem feitas, mas estou convencido de que a melhoria do transporte público passa pelo metrô. Podemos ter uma ação integrada e o metrô chegar até Ribeirão das Neves, Contagem e Betim.  É importante a participação de todos os governos. O metrô tem que chegar até o aeroporto de Confins.

Como melhorar o caótico trânsito da cidade?

A prefeitura deve assumir o seu papel de fiscalizar. Fizemos muito pelo trânsito quando fui prefeito, mas realmente hoje está muito complicado. Eu acredito muito na democracia, no diálogo. Nós temos no Brasil uma tradição de pensamento autoritário que acha que as decisões devem ser sempre tomadas em gabinetes fechados por pessoas pretensamente sábias.  Acredito na sabedoria do povo, das pessoas. Duas questões são importantes para garantir a eficácia da medida adotada: primeira a dimensão da ética, com a mais absoluta transparência. Quando as pessoas sentem que a coisa é séria, elas aderem a ela. A outra questão é a democracia participativa. A opinião das pessoas para solucionar o problema do trânsito é muito importante. Não há mágica para o trânsito da cidade. Temos medidas estruturantes, mas temos que dialogar com a sociedade para encontrar soluções.

O que pretende fazer para melhorar a educação na cidade?

Nos últimos anos foram muitas greves. A educação tem que ser uma grande prioridade e no nosso governo ela realmente será. Temos que assegurar o acesso à escola e uma educação de qualidade desde a unidade infantil. Educação é um direito da pessoa, não tem como pensar em desenvolvimento sem a educação. É a economia do conhecimento e isso traz resultados positivos em todas as áreas. Vamos sentar e dialogar muito com os professores e sindicatos, pais e todas as famílias. Temos que universalizar a educação infantil e nesse sentido eu reconheço que a cidade avançou muito. Queremos dialogar com o Estado, com o Brasil e melhorar a educação.

E a questão da violência. O que fará para tentar frear o avanço da criminalidade na capital mineira?

Além da questão da Guarda Municipal, que é um espaço que a prefeitura tem, pretendo buscar ações integradas com a Polícia Militar, Polícia Civil e com outros órgãos de segurança de Minas e do Brasil. Na experiência que eu tive como prefeito de BH, foi muito com a parceria da PM. Fizemos um trabalho de recuperação de crianças de rua, mas sem repressão. Sei que a polícia tem muitos trabalhos importantes com a população e isso deve ser fortalecido. A integração é fundamental e onde a vida humana estiver ameaçada,  nós estaremos presentes. O combate aos homicídios faz parte de nossas prioridades e meu compromisso é com a vida das pessoas.

O município hoje tem um número exagerado de funcionários terceirizados. Isso é prejudicial? Como adequará esse quadro à necessidade da capital?

Temos que caminhar no sentido da profissionalização do serviço público. Essa talvez seja a principal diferença que eu tenho com o atual prefeito. Eu tenho uma visão estratégica do serviço público e nós queremos serviços de qualidade. Nós precisamos de servidores públicos qualificados, preparados, efetivos e dignamente remunerados. Além disso, a questão da carreira me parece muito importante. Essa situação frágil ou temporária não cria vínculo entre servidor e Estado. Carrego comigo o compromisso de cada vez mais fortalecer o servidor e profissionalizá-lo.

BH é basicamente uma cidade movimentada pelos setores de hotelaria e serviços. Como aumentar a oferta de empregos?

Essa é a vocação de Belo Horizonte que nós pretendemos desenvolver muito. BH é forte no setor devido à  sua posição estratégica geograficamente, além de ter um entorno de muitas possibilidades turísticas também. Temos as cidades históricas ao nosso redor e isso é mais um incentivo. Temos também um patrimônio ecológico esplêndido, com cachoeiras, montanhas e muito mais. Temos que integrar tudo isso e transformar Belo Horizonte num centro de eventos e também um local para lazer e turismo. Isso tudo reflete diretamente na criação de empregos e renda para milhares de pessoas.

E a questão da poluição da Lagoa da Pampulha? Será  que um dia a população verá investimento que deixe a lagoa despoluída?

Nós temos que ter muito cuidado com a Pampulha.  Além das importantes obras, algumas de Niemeyer, temos que pensar todos os aspectos antes do desenvolvimento da região. A Lagoa da Pampulha é um desafio que nós temos que enfrentar, já que temos esgoto que vem de outros municípios. Temos que fazer um trabalho integrado para despoluir rios como Sarandi e Ressaca para evitarmos o despejo na lagoa. Belo Horizonte precisa entrar numa era mais moderna, com ampliação das linhas de tratamento de esgoto. Existem recursos tecnológicos hoje e nós podemos fazer muito mais.

O que fará para expandir e incentivar os eventos culturais na cidade?

Nisso nós temos experiência esplêndida. Tudo que existe em Belo Horizonte na área cultural nós começamos. Algumas coisas ficaram e outras não. O Festival Internacional de Teatro,  que nós começamos, é uma referência para todos. O diálogo com as instituições culturais da cidade foi iniciado na minha gestão, então acho que a vocação cultural da cidade precisa ser expandida. E é isso que farei. Irei incentivar mais eventos e fortalecer os grupos da cidade. Temos que estimular também a música da capital mineira, que é uma das melhores.

BH está preparada para a Copa do Mundo? Ou vai estar só em 2014?

É óbvio que temos que pensar nas obras viárias, garantir o fluxo de pessoas e veículos, mas penso que podemos fazer mais no Brasil no sentido de vincular as questões esportivas a alguns setores fundamentais, usar o esporte como instrumento de combate à droga, à violência e também em relação à questão cultural. Mas a cidade está caminhando bem e nós, se ganharmos a prefeitura, vamos agilizar as obras de mobilidade. Mas tudo deve ser feito pensando no bem da população para depois da Copa. Resuma o seu programa de governo. Aprendi como prefeito de Belo Horizonte e como ministro que os programas são traduzidos diariamente. Eu considero fundamental neste momento que nós tenhamos as diretrizes sobre como proceder em relação aos problemas na prefeitura de Belo Horizonte. Temos que trabalhar com os nossos técnicos, secretários e dialogar com a população. Trabalharemos com a ética e com a prestação de contas. A população saberá onde e como é aplicada a verba, tudo de forma muito transparente. Vamos discutir com a população as questões da saúde, segurança, educação e cultura. A democracia é importante e o governo deve ser para toda a cidade. Vamos trabalhar com todos os setores,  mas com um foco principal: os mais pobres. O grande compromisso nosso é buscar a integração de nossas políticas. Mas, hoje, o mais urgente realmente é a questão da mobilidade urbana.

Como será sua campanha?

Vou dialogar intensivamente com a população, ouvir o que as pessoas realmente precisam. A democracia é o melhor caminho e a opinião dos moradores de Belo Horizonte é muito importante para o crescimento da cidade. Antes de tomar qualquer decisão, irei consultar todos os envolvidos no processo, sempre visando o crescimento de BH. Minha campanha será democrática.

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