Do site do deputado Dr. Rosinha
Um partido que não se atenha apenas à pauta governamental e entre firme na discussão de temas por vezes polêmicos, como os direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBTs) e indígenas. Essa foi a defesa feita pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) na noite de segunda-feira (19), durante o lançamento, em Curitiba, de sua candidatura à presidência nacional do PT.
Teixeira é candidato pela Mensagem ao Partido, agrupamento político que reúne diversas tendências do PT, incluindo a Democracia Socialista, da qual fazem parte o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), o deputado estadual Professor Lemos e a vereadora de Curitiba Professora Josete, todos presentes no lançamento.
Apesar de defender a governabilidade e política de alianças do Governo Federal (“A esquerda, se não fizer alianças, dança”), Teixeira sustentou em vários momentos a necessidade de um distanciamento entre o PT, como partido, e o Planalto.
“O PT não pode ter o mesmo raciocínio do governo. O PT não pode dizer que não vai fazer a luta LGBT por medo dos conservadores. Ou enfrentar os ruralistas que querem parar a demarcação de terras indígenas. Cabe o PT tensionar. Muitas vezes vamos brigar, como partido, com gente que está na base do governo.”
Para Teixeira, é justamente essa visão de um partido protagonista, “sempre um tom acima do governo”, que está em jogo no próximo Processo de Eleição Direta (PED), que acontece em novembro.
“O próximo PED é um momento decisivo. Temos uma unidade dentro do PT, que é a unidade narrativa dos dez anos dos governos Lula e Dilma, da defesa daquilo que foi conquistado, da ruptura com o neoliberalismo. Mas no PT, dentro do PT, está nossa diferença com outras alas. Não se pode ser um partido só eleitoral”, exemplificou. “O PT que deu certo foi o PT que colocou todo mundo na mesma mesa e no embate de ideias avançou. O PT que dá errado é o da hegemonia, em que o campo majoritário esmaga o minoritário.”
Formação política
Um dos maiores gargalos do partido hoje, na opinião de Teixeira, é a formação política. Nas palavras dele, é preciso disputar “corações e mentes”.
“Hoje, nesse tema, estamos a anos-luz da época da fundação do PT. Quando eu tinha 18 anos, a gente fazia cartilha com mimeógrafo, colava cartaz com cola de farinha. Hoje, com todas as ferramentas, ficamos devendo.”
Para ele, o eleitorado brasileiro tem um vínculo forte com o PT, mas ao mesmo tempo é preciso manter um perene processo de formação e conscientização, para impedir que essa fatia da sociedade “namore” opções conservadoras.
“Eu acompanhei a campanha do Haddad ano passado em São Paulo. A gente ganhou a campanha no último dia. Deixamos uma parte do nosso eleitorado ‘namorar’ o Russomanno”, exemplificou.
Para os filiados, Teixeira defende uma participação interna e um compromisso mais intensos.
“Às vezes a gente precisa chegar no filiado e dizer: ‘Quanto custa uma cerveja? Você topa dar [o dinheiro de] uma cerveja para o Partido dos Trabalhadores? Porque se você não der, aquele cartaz ali vai sair do bolso de um empresário, que vai defender os interesses dele contra os seus interesses’. É nas finanças que nós vamos também discutir política.”
Congresso
O tamanho das diferentes “bancadas ideológicas” hoje dentro do Congresso foi outro alvo de críticas por parte de Paulo Teixeira. De acordo com seus cálculos, a bancada da esquerda hoje, “trabalhadores, sindicalistas e membros dos movimentos sociais”, não chega a 150 parlamentares. “O resto é dinheiro de banqueiro, de empresário, de ruralista.”
Por isso, de acordo com o deputado, é que se faz urgente uma reforma política, para “divorciar o dinheiro da política”. No entanto, Teixeira assegura que a reforma só é possível com a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para esse fim. “Quem está lá hoje, eleito por esse modelo, não quer mudar.”
Por ora, Teixeira sustenta no Congresso o foco na unidade da esquerda e centro-esquerda, num modelo semelhante à Frente Ampla no Uruguai. “O PT tem que se relacionar com o PDT, o PCdoB e o PSB nesse modelo. Eles não podem pensar que a gente quer hegemonizar o jogo sozinhos.”
Mídia
Teixeira ainda avaliou no encontro o atraso do governo para estabelecer um novo marco regulatório para a comunicação no país. Para ele, a presidente Dilma pode pensar que neste momento não é prudente comprar mais uma briga. “A Dilma acabou de brigar com banqueiro, para forçar a queda dos juros. Eu acompanhei a briga, foi quase terrorismo”, lembrou. “Ao mesmo tempo, essa é a hora em que o PT, como partido, precisa dizer: não, presidenta, a gente tem que comprar essa briga agora.”
No encontro, Teixeira ainda defendeu por duas vezes a revisão das regras para a distribuição da verba publicitária do governo. “Hoje, é como você ter um filho forte e um filho fraco e dizer que o filho forte vai comer muito e que o subnutrido vai comer pouco porque justamente é subnutrido”, ilustrou, aludindo ao fato de que a maior fatia dar verbas vão para as empresas de maior audiência. “É preciso ter um critério de ação afirmativa, para equilibrar o jogo, e nisso o PT precisa tensionar.”
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