Por Iuri Faria Codas
Há alguns meses o governo de Ollanta Humala vem enfrentando diversos protestos, muitos deles organizados e convocados por grupos e movimentos sociais que o apoiaram na eleição de 2011. Mobilizações como as convocadas pela CGTP (Confederação Geral de Trabalhadores do Perú) contra o projeto de reforma no serviço público – o qual central alega que causará demissões em massa – e por organizações estudantis contra a Nova Lei Universitária, que retiraria a autonomia das universidades, entre outras.
No último mês, essas lutas se unificaram em grandes atos. A pauta inicial era referente a um acordo entre diversos partidos do Congresso para eleição em bloco de membros para o Tribunal Constitucional, Banco Central e Defensoria Pública; acordo que os partidos recuaram após as primeiras mobilizações. Posteriormente, os movimentos sindical e estudantil retomaram suas pautas iniciais e viram uma maior adesão a essas lutas, assim como uma maior repressão por parte da polícia.
Já no começo do mês de agosto, a CGTP convocou uma assembleia, que será realizada no próximo dia 10, propondo um dia de paralisação nacional, unificando as reivindicações na área trabalhista, educacional, de saúde, soberania energética, assim como uma reforma dos poderes do Estado, partidos políticos e sistema eleitoral.
Ainda que muitos analistas estejam vendo as atuais mobilizações no Perú como influenciadas pelas que ocorreram em junho no Brasil, é fundamental ressaltar que nesse país andino a última década foi marcada por grandes lutas populares. O fim da ditadura de Fujimori garantiu maiores direitos democráticos, mas no plano econômico pouco mudou. Mesmo com uma alta taxa de crecimento anos após ano, os diferentes governos têm mantido, na essência, o mesmo modelo neoliberal, que pouco beneficia a maior parte da população.
Com a vitória de Ollanta Humala em 2011 muitos acreditavam que ocorreria uma ruptura nessa política econômica e o Peru seguiria caminho similar a diversos vizinhos latino-americanos, com um governo progressista tendo como foco ampliação de direitos e inclusão social. Porém, muitos setores da esquerda peruana o acusam de estar abraçando cada vez mais as teses e políticas neoliberais, tanto no plano interno quanto no externo, ao participar da Aliança do Pacífico, em conjunto com os demais governos conservadores da região.
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