Por um PT pela base: reconstruir a esperança

Rui Falcão

CARTA ABERTA À MILITÂNCIA

Esta é nossa 6ª Carta Aberta à Militância, a última antes do fim dos debates para a eleição presidencial do PT. Ao redigi-la, imaginei ser mais interessante dirigi-la também ao companheiro Lula, como se fosse uma espécie de “carta aberta” ao nosso maior líder.

Foto: Reprodução Facebook

Minha intenção é socializar manifestações que tenho ouvido da militância e de simpatizantes sobre o momento atual do nosso país. São sentimentos de inquietação, de apreensão, mas também mesclados com uma abnegada disposição para apoiar e defender o nosso governo.

Todas elas convergem para uma conclusão inquestionável: é fundamental reeleger o presidente Lula em 2026, a fim de dar continuidade ao nosso projeto histórico de construir uma sociedade sem explorados e oprimidos.

A seguir, o texto da mensagem que subscrevo:

Querido companheiro

Como sabe, sou candidato nas eleições internas que decidirão quem irá presidir o PT durante o próximo mandato de quatro anos. Não o faço por qualquer ambição ou vaidade, mas porque julgo que o futuro depende de um novo rumo para o nosso partido.

Os fatos mais recentes demonstram, de forma muito nítida, que as classes dominantes estão desencadeando uma ofensiva para impor sua agenda ao país e enfraquecer o governo. Estão nos cercando por fora e minando por dentro. A batalha de 2026 já está em andamento: as forças reacionárias marcham para uma grande coalizão com o objetivo de impedir sua reeleição.

Partidos de direita e centro-direita que integram a base do governo anunciam o desembarque da chamada frente ampla e articulam uma candidatura de oposição, refazendo um bloco conservador que possa retomar o programa neoliberal dos governos Temer e Bolsonaro.

Desde já, como demonstram votações recentes no Congresso, esses setores vêm se aliando à extrema-direita para aprovar medidas que impeçam, por exemplo, a taxação sobre os mais ricos. Anunciam, descaradamente, suas propostas de cortes de gastos públicos e direitos sociais.

Sabem que esse caminho, além de atender apenas aos interesses dos grandes capitalistas, afetaria negativamente a distribuição de renda, o desenvolvimento nacional e a própria sustentação do governo entre as classes trabalhadoras.

Não é razoável acreditar que, diante desse quadro, devamos buscar a “despolarização” do cenário político ou fazer concessões, em nome da preservação de um certo tipo de alianças cujo resultado mais provável é a insatisfação popular, além do desânimo na base de esquerda.

 Querido companheiro

Para melhor defendermos o governo, marcado por grandes conquistas para o povo trabalhador, o PT precisa polarizar, mais que nunca, a sociedade brasileira. Tanto para essa tarefa, quanto para a preparação da batalha eleitoral que se avizinha, necessitamos criar um clima de forte mobilização social, de fora para dentro das instituições.

Temos que explicar à nação o que está em jogo, de forma direta e cristalina, defendendo um conjunto de reformas populares e democráticas. Entre elas, a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais mensais, acompanhada por maior tributação dos super-ricos; a manutenção rigorosa dos pisos constitucionais da saúde e da educação; a vinculação dos benefícios sociais ao salário mínimo; o urgente impulsionamento da reforma agrária; o fim da escala seis por um com redução da jornada de trabalho sem redução de salários; a condenação dos golpistas e o aprofundamento da democracia.

Nosso partido precisa ajudá-lo, companheiro, a construir, no calor das lutas em curso, um programa para o próximo governo que agregue, ao slogan de “união e reconstrução” do atual mandato, a ideia de transformação, de superação do modelo neoliberal que amarra o nosso progresso. Um programa que possa servir de ferramenta para uma nova correlação de forças, capaz de animar multidões a se engajarem em um novo projeto de civilização.

Não temos maioria parlamentar de esquerda, como corretamente você sempre recorda. Alianças são necessárias, o que também é verdadeiro. Mas se queremos mudar esse cenário desfavorável, o que deve ser feito é irmos às ruas, retomando um dos pilares fundacionais do PT: o protagonismo das classes trabalhadoras.

 Querido companheiro

Não é como um braço institucional do governo que o PT poderá ser útil, mas com a justa combinação entre solidariedade e autonomia, disputando publicamente, no interior da chamada frente ampla, posições que representam as aspirações da classe trabalhadora, da juventude, das mulheres, dos negros, dos povos indígenas.

Um partido apequenado, na defensiva, inerte, com identidade diluída e acomodado à democracia liberal seria de pouca valia para as jornadas que iremos travar sob a sua liderança. O PT capaz de ser relevante deve resgatar sua natureza socialista e transformadora, apresentando uma alternativa de esquerda ao sentimento antissistema presente em nossa sociedade. 

Um PT engajado no plebiscito popular do 7 de setembro, nas lutas cotidianas dos sindicatos e movimentos sociais, na construção de uma coalizão que enfrente a ofensiva conservadora, nas trincheiras anti-imperialistas e na solidariedade ao povo palestino, a régua moral de nossa época.

Querido companheiro

Já atravessamos juntos vários momentos decisivos na trajetória do PT.

Chantageados para irmos ao colégio eleitoral de 1985, escolhemos o caminho do boicote e da independência, o que nos levou às grandes vitórias eleitorais de 1988 e ao segundo turno em 1989

Condenados pelas classes dominantes a sermos um partido marginalizado, desde 1989 estamos no palco principal da disputa política.

Vencemos em 2002 e realizamos governos de grandes feitos, até que a companheira Dilma Rousseff foi derrubada em 2016 por um golpe parlamentar.

Reprimidos e perseguidos, incluindo a sua prisão pela Operação Lava Jato, fomos capazes de nos reerguer e retornar ao Palácio do Planalto, com sua terceira vitória presidencial.

Agora vivemos outro momento decisivo, no qual o PT é chamado a retomar o fio da história, de um partido socialista e de esquerda.

Saudações petistas

Com a base, reconstruindo a esperança

Rui Falcão

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