Entrevista. Nas eleições municipais de outubro, o PT luta para alcançar um fato inédito: o quinto mandato consecutivo à frente da Prefeitura de Porto Alere. Em entrevista exclusiva ao Democracia Socialista, Raul Pont, atual deputado estadual no Rio Grande do Sul, fala das referências petistas, como a democracia direta. “Nosso programa reivindica a herança desses 16 anos, esse acúmulo quanto à forma de governar”, comenta. O candidato apresenta também as propostas para um novo mandato, como a de transformar Porto Alegre na capital da cidadania, medida objetivamente pelos indíces dos serviços públicos.
Em busca do penta
Nas eleições municipais de outubro, Raul Pont tenta um fato inédito para o PT: alcançar o quinto mandato consecutivo do partido à frente da Prefeitura de Porto Alegre. Nessa entrevista ao Democracia Socialista, ele fala sobre o cenário das eleições municipais, a influência dos governos estadual e federal na campanha e comenta as propostas para um novo mandato.
Qual é o cenário para as eleições deste ano em Porto Alegre?
Estamos no quarto mandato consecutivo da Frente Popular, que tem conseguido uma experiência exitosa ao longo desses 16 anos. No entanto, o processo eleitoral não é decidido apenas com elemento de governo positivo, que dá ênfase à participação popular e é capaz de levar adiante obras e serviços de maneira democrática e transparente. Há um conjunto de outras variáveis.
As eleições de 2002 são um exemplo. O governo Olívio Dutra conseguiu realizar um trabalho importante de extensão de serviços e obras, de inversão de prioridades no Estado e de democratização. No entanto, isso não foi suficiente para que a Frente Popular conseguisse manter um segundo mandato.
Você acha que os governos estadual e federal vão influenciar a eleição municipal?
Há hoje em Porto Alegre o reconhecimento da experiência positiva do PT na administração. Mas mantém-se, mesmo que parcialmente, a disputa polarizada aqui do Rio Grande. Não será igual a 2002, porque o campo oposicionista no município, que em sua maioria está sustentando o governo Rigotto, não irá se apresentar no primeiro turno como um bloco unificado. O grande número de candidaturas vai dar espaço a um diálogo maior com a sociedade, possibilitando comparações com o governo estadual e com outros municípios governados pelos partidos que são oposição em Porto Alegre.
A novidade, neste momento, é enfrentarmos uma eleição municipal tendo que fazer a defesa das ações do governo federal, o que será uma responsabilidade. Mas confiamos que esta campanha terá uma marca municipalista diante do quadro de apoio ao governo Lula, pois esses partidos terão dificuldade em ter uma posição mais dura sobre o nosso governo, sendo defensores ou aliados em Brasília.
Você considera que as eleições de Porto Alegre têm uma importância estratégica para o PT?
Depois de quatro mandatos consecutivos, das políticas públicas implantadas e, principalmente, das três primeiras edições do Fórum Social Mundial, Porto Alegre se transformou num marco internacional de novas práticas administrativas, com forte cunho de esquerda. É a cidade da participação popular, da democracia participativa, do orçamento decidido pela população.
A eleição de Lula para a Presidência faz de Porto Alegre uma vitrine, por seus indicadores de saúde, habitação, e de assistência social, alguns dos mais avançados e importantes do país. Isso nos transforma numa obrigatória referência do que o PT faz quando é governo.
Quais as principais propostas para um novo mandato?
O primeiro eixo do nosso programa é reivindicar a herança desses 16 anos, esse acúmulo quanto à forma de governar. A democracia direta é uma referência petista, especialmente em Porto Alegre.
O segundo eixo é o aprofundamento dos espaços de participação popular. Temos planos diretores de meio ambiente, de saneamento, de ocupação do solo, que são os grandes vetores para os nossos planos plurianuais, para as nossas diretrizes orçamentárias.
Temos que fugir da armadilha dos que dizem que o PT é bom, mas que é preciso mudar. Isso é uma falácia, que procura explorar o sentimento de renovação das pessoas. Com base no que realizamos, o PT precisa se mostrar com capacidade de superação, para dar um salto ainda maior de qualidade.
A proposta é fazer de Porto Alegre a Capital da Cidadania, medida objetivamente pelos índices dos serviços públicos, para que se possa estabelecer metas confiáveis na direção de um crescimento harmonioso, auto-sustentável, com a população executando as políticas que ela mesma constrói.
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