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Resistência e luta pelo fim do racismo | Raquel Viana

Estamos no mês da Consciência Negra, referência e grande significado para o povo negro. É uma reverência àqueles/as que vieram antes de nós, como Zumbi e Dandara de Palmares, Tereza de Benguela, Aqualtune, Maria Firmina, Carolina de Jesus, Abdias do Nascimento, Florestan Fernandes, Lélia González, Marielle e tantas outras/os que são inspiração. A todas/os elas/es, nosso tributo pelo legado e os passos fincados nos caminhos da história que nos trouxeram até aqui.

Passados tantos séculos, nosso povo segue a trilha árdua profundamente marcada pelas brutais feridas deixadas pela escravização e desumanização. O racismo, como projeto político-ideológico, fincou raízes na sociedade brasileira, estruturou-se combinado a outros sistemas de opressão e exploração, como o patriarcado e o capitalismo.

Nossa principal herança são os exemplos de luta e resistência de nossos ancestrais, que permitem que estejamos vivos/as, contrariando as perversas estatísticas sobre o tempo de nossas vidas. Mas muitos dos nossos/as se foram, arrancados pela bruta força do Estado e sua necropolítica e/ou ainda do capital e sua sanha de exploração sobre nossas vidas.

Na mão desse Estado tombaram os corpos pretos e pobres da Chacina da Candelária/RJ (1993), do Amarildo (2013), da Cláudia Silva Ferreira (2014), o Evaldo dos Santos Rosa (2019) ou das Chacinas do Curió/Fortaleza (2015) e do Jacarezinho/RJ (2021) e tantos/as irmãos/as. Deles/as nunca nos esqueceremos. Ainda assim, a resistência é nosso sobrenome. Por isso, celebramos nossas conquistas arrancadas das mãos desse mesmo Estado, como o direito de estudar a entrar na universidade, recinto e privilégio branco, de votar e de nos autorrepresentar.

Nesse Novembro Negro de 2021, ganhamos as ruas para lembrar que existimos e resistimos. Denunciamos o governo Bolsonaro pelos seus muitos crimes, o racismo, a misoginia, a LGBTfobia, as mortes evitáveis, a violência, a fome e a desesperança a que submete o povo brasileiro, em particular, preto e pobre.

Seguimos nossa luta cotidiana e sem trégua contra o racismo, pela dignidade e bem viver de todo o nosso povo.

Raquel Viana é assistente social, mestra em serviço social, militante feminista e anti racista, secretária de combate ao racismo do PT Fortaleza.
Originalmente publicada em O Povo

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