Leonardo Severo – Portal da CUT
A II Marcha Nacional em defesa da valorização do salário mínimo, redução da jornada de trabalho e reajuste do Imposto de Renda, convocada pela CUT, CGTB. CGT, Força, CAT e SDS, reuniu mais de 15 mil trabalhadores na tarde desta terça-feira (29), na Esplanada dos Ministérios, numa enérgica manifestação por mudanças na política econômica e pelo desenvolvimento econômico e social do país.
Vindas de Candangolândia, a 14 quilômetros de Brasília, a CUT e a CGTB chegaram à capital federal em gigantesca passeata, enquanto as demais centrais realizaram carreata com centenas de carros. Apesar do “céu de superávit primário” – chumbo, frio e chuvoso – os manifestantes mantiveram-se firmes, lutando vitoriosamente para manter em pé faixas e bandeiras, literalmente ensopadas.
Logo no início da Marcha foi feito um minuto de silêncio em homenagem ao sindicalista Jair Antônio da Costa, assassinado recentemente pela Polícia Militar do Rio Grande do Sul enquanto lutava por melhores
condições de vida e trabalho no setor calçadista. “Que o exemplo de Jair nos ilumine nesta caminhada e fortaleça cada vez mais o nosso compromisso de luta por um Brasil mais justo para a classe trabalhadora”, proferiu Rosane Silva, da executiva da CUT.
Dito e feito. Jair se multiplicou em cada uma das dezenas de caravanas vindas de todos os Estados do país, das mais diversas categorias. Fez-se presente na solidariedade aos aposentados e idosos para que superassem a extensa caminhada, na fibra das mulheres, e, acima de tudo, na determinação de levantar a voz e superar os entraves impostos pela equipe econômica que tenta inviabilizar um reajuste digno.
Aos 73 anos, recém-chegado da Marcha Zumbi + 10, o diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas (Sintap/CUT), José Custódio de Almeida, frisou que se fez presente porque considera o salário mínimo “um patrimônio nacional”. “É assim que eu vejo e é assim que o governo deveria ver. É importante dizer que também temos de olhar para o salário benefício, principalmente de quem ganha um pouquinho mais. Porque no ano passado, o mínimo foi reajustado em 15,38% e quem ganhava um pouco mais ficou com somente 6,35%, o que vem achatando nossos ganhos. Assim, em dez anos, vamos ter 95% dos aposentados e pensionistas recebendo o mínimo, e isso é inaceitável”, condenou “seu” Almeida.
O presidente nacional da CUT, João Antonio Felício, avaliou que a Marcha representou “uma forte injeção de ânimo e ousadia para pressionar o governo e os parlamentares a garantirem os recursos necessários no Orçamento de 2006 para o aumento do salário mínimo”. “Se há recursos para o capital financeiro, para pagar os mais altos juros do mundo, temos de garantir o dinheiro para o salário mínimo, que é o mais poderoso instrumento de justiça social e redistribuição de renda no país”, acrescentou Felício, lembrando que “diminuindo o superávit, o Estado brasileiro encontrará as condições para readquirir capacidade de investimento”.
O vice-presidente nacional da CGTB. Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, enfatizou que a unidade e a mobilização demonstrada pela classe trabalhadora nesta II Marcha, aponta para o crescimento das mobilizações e a vitória contra os setores que querem inviabilizar as mudanças. “Derrotamos FHC e sua quadrilha. Agora, precisamos somar forças para auxiliar o presidente Lula a fazer as transformações que o país e o povo tanto necessitam. Para isso, é preciso reduzir os juros e o superávit, investindo pesado no salário, no emprego e na infraestrutura nacional. É isso o que faz a roda da economia andar pra frente”, declarou Bira.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS/CUT), Irineu Messias, o altíssimo superávit primário praticado pela Fazenda “já tem provocado um inaceitável contingenciamento de 40% nas verbas do INSS, prejudicado o custeio da Previdência, atrasado a concessão de benefícios e obrigado milhares de pessoas a dormirem nas intermináveis filas”. “Lutamos pela melhoria do serviço público e isso só é possível com uma política de valorização dos servidores. Apesar de termos conquistado vários avanços em relação ao desgoverno anterior e sua prática neoliberal de privatização e desmantelamento do Estado, é preciso canalizar para as áreas sociais os recursos que vêm sendo dilapidados no pagamento de juros aos banqueiros e especuladores. Para avançarmos, é preciso que o salário mínimo seja uma prioridade”.
Audiência – A forte chuva que caiu em Brasília durante todo o dia atrapalhou a concentração em frente à Esplanada dos Ministérios, mas centenas de militantes continuam no local aguardando o término da audiência das lideranças sindicais com os ministros do Trabalho, Luiz Marinho, da Fazenda, Antônio Palocci, da Casa Civil, Dilma Roussef, do Planejamento, Paulo Bernardo, e com Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência da República. A reunião começou há poucos instantes.
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