Do Opera Mundi
A dias do aniversário de 20 anos do primeiro levante zapatista, o principal porta-voz do EZLN (Exército Zapatista de Liberação Nacional) Subcomandante Marcos lançou comunicado no qual promete que a luta do grupo continuará. No texto, ele sugere novas ações, faz críticas às diferentes correntes ideológicas, à recente reforma energética aprovada pelo Congresso mexicano e questiona o governador de Chiapas pelos altos gastos públicos.
Em 1 de janeiro de 1994, um grupo de indígenas encapuzados e armados liderado pelo EZLN ocupou várias cidades no Estado de Chiapas no mesmo dia em que entrava em vigor o Nafta, tratado de livre comércio assinado pelo México, Estados Unidos e Canadá, durante o governo de Carlos Salinas de Gortari.
Marcos afirma no comunicado que “para as encapuzadas e encapuzados daqui, a luta que vale não é que foi ganha ou perdida, é a que segue, e para ela se preparam calendários e geografias”. “Não há batalhas definitivas, nem para vencedores nem para vencidos. A luta seguirá, e aqueles que agora se deleitam no triunfo verão seu mundo ser derrubado”, diz.
Publicado esta semana, o texto faz uma reflexão sobre a luta e o tratamento dados aos revolucionários mortos, dando-lhes sentidos distantes da vida que tiveram. Além disso, Marcos afirma que os zapatistas querem ser “melhores” e que aceitam quando a realidade lhes diz que não alcançaram seu objetivo, mas que mesmo assim não deixaram de “seguir lutando”.
Sobre o governador de Chiapas, Manuel Velasco, o porta-voz do EZLN assegura que, apesar de “ter apertado o cinto com um programa de austeridade”, gastou “mais de 10 milhões de dólares em uma campanha publicitária nacional que, apesar de massiva e cara, é ridícula…e ilegal”.
Sem mencionar seu nome, diz que o “autodenominado governador”, do Partido Verde Ecologista doe México (PVEM), lançou uma campanha para promover o turismo e “põe nos turistas vendas para que não vejam os paramilitares, a miséria e o crime nas cidades chiapanecas”.
Marcos também questionou todas as reformas anunciadas no México, como a energética, que prevê a privatização do petróleo, e considerou que a “desapropriação” começou há muitos anos. “A desapropriação disfarçada de reforma constitucional não se iniciou com esse governo: começou com Carlos Salinas de Gortari (1988-1994). A desapropriação agrária foi então ‘coberta’ pelas mesmas mentiras que agora envolvem as más faladas reformas”, sublinhou.
Sobre a situação do campo mexicano, Marcos disse que este está “completamente destroçado, como se um pacote de bombas atômicas o tivesse arrasado. E isso acontece com todas as reformas. A gasolina, a energia elétrica, a educação, a injustiça, tudo será mais caro, de pior qualidade, mais escasso.”
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