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Uma celebração atual, 100 anos depois

Jornal DS 25 [Mai2010]. O livro As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres, traduzido para o português e publicado pela SOF Sempreviva Organização Feminista e Editora Expressão Popular, recompõe com detalhes a história da criação do Dia Internacional das Mulheres e a definição posterior de um dia unificado para sua comemoração, o dia 8 de março, acontecimentos diretamente vinculados à luta das mulheres socialistas.

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Celebração.Dia do Trabalhador teve ato política e homenagem a Mercedes Sosa.

Nalu Faria *

Ana Isabel Álvarez González relata a permanente tensão das militantes socialistas para que as organizações e partidos da classe trabalhadora incorporassem as reivindicações das mulheres. Tensão que aponta para a necessidade de organização delas no interior da esquerda e para a construção do movimento de mulheres.

Ao se tornar referência no mundo inteiro, o 8 de Março tem um importante papel na manutenção da identidade de um movimento amplo de mulheres e é um instrumento de mobilização e aglutinação em torno da luta pela igualdade. Em um movimento tão amplo e disperso, a construção de um calendário de lutas pode ter um papel decisivo de mobilização e construção de uma identidade política, assim como a construção de símbolos, de dinâmicas próprias e o compartilhamento de uma história comum.

Um 8 de Março militante é parte do projeto de construção de um movimento de mulheres forte, capaz de atuar em conjunto com outros movimentos sociais, aglutinando as militantes organizadas também nos movimentos e organizações sociais mistos, em torno de uma plataforma que articule a luta pela igualdade entre mulheres e homens com a luta pela transformação das relações de classe e de raça. Em síntese, trata-se de atuar para que uma perspectiva que integre a luta pela igualdade, anticapitalista, antirracista e antipatriarcal seja o eixo estruturador do movimento de mulheres, um movimento feminista e socialista.

Essa disputa não se faz apenas no interior do movimento de mulheres. No campo da esquerda, dos movimentos, partidos e organizações dos trabalhadores ainda prevalecem visões equivocadas do que é o feminismo. Com frequência, o movimento e suas reivindicações são caracterizados como de classe média, intelectualizado, sem relação com o que se avalia serem as necessidades das “mulheres comuns”. Ao mesmo tempo, a opressão das mulheres é vista por uma ótica culturalista, no plano das ideias, sem que se compreendam ou se admitam as contradições materiais concretas das relações sociais de sexo, que são a base efetiva da necessidade da organização própria das mulheres.

A força das ideias feministas, mesmo que não com esse nome – isto é, a força da luta pela igualdade entre mulheres e homens –, construiu-se através de amplas lutas sociais, em consonância com uma proposta de mudança anticapitalista. Lutas em que as mulheres trabalhadoras tiveram e têm um papel fundamental, na maior parte das vezes, tensionadas pela cobrança que contrapõe nossa fidelidade à classe trabalhadora e nossa rebeldia contra a opressão das mulheres. É nosso desafio romper com essa dicotomia.

Ao se completar um século desde que as mulheres socialistas reunidas em Copenhague aprovaram a proposta do Dia Internacional das Mulheres, a recuperação histórica do significado dessa data é uma contribuição importante para a reflexão sobre o que é constitutivo da luta feminista: a afirmação, cada vez mais, da autonomia e soberania das mulheres e de que a igualdade entre os sexos tem que ser parte fundamental de todos os processos de transformação. Esse é o lugar do 8 de Março na longa jornada das mulheres: reafirmar que sem socialismo não há feminismo, e sem feminismo não há socialismo.

* Nalu Faria é coordenadora da SOF – Sempreviva Organização Feminista.

GONZÁLEZ, A. I. A. As origens e a comemoração do Dia Internacional das Mulheres. São Paulo: Editora Expressão Popular e SOF-Sempreviva Organização Feminista, 2010.

Para saber como adquirir, entre em contato com a SOF: sof@sof.org.br ou (11) 3819-3876.


Leia mais:

– Mulheres em Marcha [Link Indisponível]

– Notas [Link Indisponível]

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