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O Império contra Julian Assange | Tica Moreno

A batalha judicial contra a extradição de Julian Assange para os EUA chega nesses dias 20 e 21 de fevereiro a última instância possível na Justiça Britânica. Esse não é mais um caso judicial, sabemos. É uma perseguição exemplar que mobiliza a máquina de inteligência e lawfare, desinformação e tortura dos Estados Unidos.

Foto: Wikipedia Commons

Entre 2010 e 2019, Assange viveu asilado na embaixada do Equador em Londres, onde foi alvo de vigilância e espionagem por meio da empresa de segurança privada que prestava serviços na embaixada. No governo de Lenin Moreno, Assange teve retirado seu asilo, e, então, foi transferido para uma prisão de segurança máxima na Inglaterra.

Está mais do que documentado o tanto que a saúde do jornalista australiano foi deteriorada ao longo desses anos. A possibilidade de sua extradição representa riscos reais e imediatos a sua vida, que vão além de uma possível sentença que poderia chegar a 175 anos de prisão.

A defesa da liberdade de Assange é, simultaneamente, uma posição anti-imperialista e de defesa da liberdade de expressão. A perseguição tenaz e exemplar torna patente que, nesse período de decadência perigosa do imperialismo, quaisquer outras tentativas de expor a hipocrisia, a violência e os crimes da potência imperialista que fabrica e controla as “verdades” poderão ser tratadas com a mesma veemência pelos EUA. Não há espaço para transparência e para a responsabilização dos agentes de “segurança nacional” nesses tempos de guerra em que vivemos.

Não que as guerras com envolvimento direto ou indireto dos EUA tenham deixado de acontecer em algum momento mundo afora. Mas particularmente nesse tempo de guerra (na Ucrânia) e genocídio (na Palestina), ambos totalmente relacionados com o império, é preciso considerar a gravidade dos motivos da prisão política de Julian Assange, no bojo das rápidas mudanças na geopolítica.

 Ao concretizar uma das frases de Assange “Transparência para os poderosos”, o Wikileaks publicou milhares de documentos revelando o que os Estados Unidos sempre quiseram esconder: seus crimes de guerra planejados, banalizados, recorrentes; o assassinato de civis e de jornalistas, assim como estamos testemunhando dia a dia na agressão genocida de Israel contra o povo palestino; tortura, a espionagem e a violação da soberania de outros países tornaram evidente que não são equívocos ou casos isolados, mas que esse é um modus operandi sistemático do imperialismo e sua máquina de guerra. Ser anti-imperialista, hoje, é estar de pé contra o genocídio em curso na Palestina e em luta pela liberdade de Assange.

Tica Moreno é socióloga e militante da Marcha Mundial das Mulheres.

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