Caminhos da consciência | Luiz Marques

A essência reacionária do impeachment misógino de Dilma Rousseff está na reatualização dos valores do escravismo colonial (Novo Regime Fiscal com Teto de Gastos Públicos, 2016; Reforma Trabalhista e Previdenciária, 2017; Lei das Terceirizações, 2017; Autonomia do Banco Central, 2021). Arrocho salarial, precarização do trabalho, desindustrialização, negacionismo, cortes em pesquisas científicas, universidades públicas à míngua, […]

Ignorância: uma história global (Nota sobre o livro de Peter Burke) |...

Ignorance: A Global History, de Peter Burke, saiu do forno recém (2022, pela Yale University Press; 2023, pela Editora Vestígio, com tradução de Rodrigo Seabra). Para o The New York Times Book Review, a obra “explora os modos como obstáculos, esquecimento, sigilo, negação, incerteza, preconceito, mal-entendidos e credulidade têm impactado o curso da história, desde […]

Caleidoscópio do capitalismo | Luiz Marques

Ernest Mandel interpretou três fases do capitalismo. A primeira é a do mercado (1700-1850) com o capital circunscrito às nações. A segunda é a monopolista até a década de 1960, em que o boom da reconstrução pós-guerra é marcado pelo imperialismo dos mercados transnacionais e da exploração colonialista. A terceira carimba um “capitalismo tardio”. Alude […]

Economia para a transformação social | Luiz Marques

Comentário sobre o livro de Juliane Furno e Pedro Rossi A Fundação Perseu Abramo (FPA), em parceria com a Editora Autonomia Literária, lançou Economia para a transformação social: pequeno manual para mudar o mundo, escrito por Juliane Furno, recém-concursada para o Departamento de Economia da UERJ, e Pedro Rossi, professor do Instituto de Economia da […]

Repolitização da política | Luiz Marques

Nenhum regime político tem a densidade da democracia. Mesmo os regimes autoritários mantêm os mecanismos constitucionais consagrados no paradigma democrático-republicano, com a divisão de poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário) e as instituições políticas, embora o cerco à liberdade. Vide o Ato Institucional (AI-2, 1965) da ditadura militar para assegurar uma maioria no Supremo Tribunal Federal (STF), […]

A utopia informacional (Nota sobre o ensaio Big Tech, de Evgeny Morozov)...

Quando a máquina elétrica de debulhar milho chegou ao campo, os peões de estância exclamaram: “Não falta inventar mais nada!” Era o auge do progresso. Com a digitalização, a tecnologia – da informática – adquiriu uma importância na geopolítica, na finança mundial, no consumismo e até na apropriação corporativa dos relacionamentos íntimos. Agora, debulha-se os […]

Os modernos demiurgos | Luiz Marques

A exemplo da burguesia no século XVIII, o proletariado em ascensão na sociedade industrial foi o sujeito da história nos séculos XIX e XX: “o grande responsável por um enfrentamento social ao capitalismo”, escreve o sociólogo sueco da Universidade de Cambridge, Göran Therborn, no ensaio “Novas massas?” (Revista Piauí, abril / 2014). Depois dos anos […]

A luta pela ‘árvore da Vida’ | Luiz Marques

A Bíblia relata que “Deus tomou o homem (Adão, em hebraico Adam, que veio da terra / barro) e o colocou no Jardim do Éden para o cultivar e guardar. Com um preceito. Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas da árvore da ciência do bem e do mal; […]

O espírito da liberdade | Luiz Marques

Christian Dunker, em Reinvenção da intimidade, considera “a perda da unidade do espírito uma forma de sofrimento”. A espiritualidade concorre para a unificação simbólica da família, do povo, da nação e da formação social-econômica. Os tópicos se encaixam no conceito de Zeitgeist (espírito do tempo), formulado por Johann Gottfried Herder, no século XVIII, ao designar […]

Pêndulo público-privado | Luiz Marques

Albert Hirschman (Berlim, 1915 – New Jersey, 2012) publicou o ensaio De consumidor a cidadão: atividade privada e participação na vida pública, quarenta anos atrás. Nele, apontava ciclos com a duração razoavelmente regular de um decênio: ora com uma predominância do interesse público, crescimento coletivo e participação social; ora com predomínio do interesse privado e […]

A roda gigante da violência | Luiz Marques

Grosso modo, a agressão se divide em dois campos: i) por parte do Estado, que detém o monopólio da repressão policial-militar, é denominada “um ato de força” e; ii) por parte do cidadão, que atenta contra a propriedade privada, a liberdade ou a vida é chamada de “violência”. Ambas as definições referem-se à legitimidade moral […]

O labirinto do genocídio | Luiz Marques

Uma ampliação conceitual, a segregação explícita defendida na insígnia de um ente federativo, a mortandade premeditada por um governante em meio à proliferação do vírus e o menoscabo pelas culturas nativas são evocações de um fenômeno histórico. Perante a quarta vitória presidencial consecutiva do PT, as classes dominantes geraram a herança que responde por duas […]

A ‘revolução passiva’ neoliberal | Luiz Marques

O neoliberalismo sequestrou a noção de “revolução”. Assim, uma fração hegemônica da classe dominante pôde apresentar-se com o discurso desabonador ao estado de coisas. O deslocamento do campo revolucionário permitiu à extrema direita assumir uma posição antissistêmica e, num giro de 180°, acusar de reacionários aqueles que expunham os ardis das reformas para a reconfiguração […]

Sociedade do cansaço (Nota sobre o ensaio de Byung-Chul Han) | Luiz...

O filósofo radicado na Alemanha, Byung-Chul Han, em Sociedade do cansaço, considera que o fim da época bacteriológica coincide com a descoberta dos antibióticos, em 1928. A pandemia do vírus HIV que a partir de 1977-78 vitimou 32 milhões de pessoas e, do Covid-19, que no biênio 2020-21 cravou 15 milhões de óbitos, para não […]

A distinção no neoliberalismo | Luiz Marques

No final do século XIX, estudos mostram que as classes proprietárias buscavam consumos de luxo para manifestar a superioridade de status social. Em La distinction (1979), Pierre Bourdieu retoma a investigação sobre os signos que designam a elegância e a nobreza de ser. Com o ocaso do Ancien Régime, as classes dominantes substituíram os títulos […]