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Às ruas para tirar Bolsonaro e salvar a educação | Guilherme Barbosa e Naiara Mascarenhas

O governo Bolsonaro, desde seu início, tem sido fiel no seu objetivo de desmantelar a educação pública no Brasil. Para cumprir seu projeto de destruição nacional, o ataque à educação brasileira tem papel fundamental para destruir o nosso desenvolvimento e a nossa soberania nacional. O plano é sucatear a educação, privatiza-la e tornar o Brasil uma neo-colônia dos países do império para nos explorar à vontade.

É nesse sentido que o ministério da educação anunciou no mês passado os valores do orçamento geral de 2021. O corte nos recursos para a educação ultrapassam 2,7 bilhões e, para as universidades, um corte direto de 1 bilhão. Essa medida significa a inviabilização do funcionamento e da existência das universidades, já que esse corte faz com que as gestões universitárias não consigam pagar contas básicas – as chamadas despesas discricionárias – como água e energia.

Instituições como a UFRJ e a UFBA já declararam que a partir do próximo semestre fecharão as portas de suas instalações por falta de condições de bancar a manutenção do funcionamento das suas atividades.

No momento de crise sanitária, econômica, política e social que é aprofundada pela corja Bolsonarista, é importante lembrar que as universidades brasileiras têm feito um trabalho com esforço monumental para o desenvolvimento de pesquisas e projetos no combate à COVID-19. Foi, por exemplo, uma pesquisadora negra brasileira, com doutorado na Universidade Federal da Bahia, que coordenou o primeiro sequenciamento do genoma do coronavírus circulante na América Latina em 48 horas.

Além disso, a UFRJ é responsável pelo desenvolvimento de duas vacinas 100% nacionais para a COVID-19, ainda em fase de pesquisa, significando uma possibilidade de não precisarmos depender de outros países para produção de vacinas. Todas essas pesquisas e projetos serão paralisados.

Os cortes nas universidades também afetarão a manutenção de hospitais universitários – responsáveis por muitos leitos nesta pandemia – e os mutirões de testagem, importantes estruturas e iniciativas para a população no combate ao vírus.

Em resumo, Bolsonaro demonstra diariamente que odeia o Brasil, seu povo, suas conquistas e, principalmente, seus patrimônios, e quer destruir com centralidade a ciência e tecnologia brasileiras a partir da destruição das nossas universidades. Seu patriotismo é falso e às avessas, porque pretende vender aos outros países tudo que há de melhor no Brasil e acabar com nossa capacidade de desenvolver conhecimento.

Para justificar esses cortes destruidores, o comando da política econômica do governo utiliza, cinicamente, o argumento de que as contas públicas estão descontroladas, que é preciso economizar para garantir a organização dos recursos públicos, sendo que na verdade o que eles buscam é cada vez mais assaltar os cofres públicos para enriquecer mais ainda os banqueiros, a família bolsonaro e demais parasitas do país. Um exemplo disso são os altos recursos públicos destinados à compra de parlamentares – as chamadas emendas parlamentares – para votarem junto com o governo, que chegaram em mais de 3 bilhões de reais.

Os gastos que deveriam ser cortados estão nesses que Bolsonaro não cogita tocar: altas pensões de famílias de militares, cartão corporativo presidencial e, principalmente, a isenção de impostos para lucros e dividendos e o pagamento dos juros da dívida pública. Esses sim são gastos que prejudicam o Brasil e seu povo, porque enchem os bolsos dos mais ricos, enquanto tiram os recursos das políticas sociais.

Mas essa dimensão de desenvolvimento científico e tecnológico da educação e das universidades para o Brasil é apenas um dos motivos para Bolsonaro asfixiar o financiamento público. Outra dimensão importante é a potencialidade que o movimento educacional brasileiro tem de mobilizar o conjunto da classe trabalhadora para fazer a luta política de oposição à destruição Bolsonarista.

Ou seja, instrumentalizam o orçamento público também como uma pura iniciativa de retaliação e perseguição, com o objetivo de neutralizar a mobilização política, já que foram os tsunamis da educação do ano passado que conseguiram inaugurar um ciclo de lutas de massas nas ruas para pedir o “Fora Bolsonaro”, antes do surgimento da pandemia.

O movimento estudantil, junto com sindicatos e os partidos de esquerda, organizou grandes manifestações que estremeceram a governabilidade de Bolsonaro e fez com que ele voltasse um pouco atrás na proposta de cortes naquele momento. Durante a pandemia, conseguimos ainda construir ações de redes importantes, que impulsionaram, por exemplo, a aprovação do FUNDEB.

Mas o que vemos agora é uma radicalização ainda mais forte de Bolsonaro na ofensiva contra a educação. Por isso, as iniciativas de ações de redes estão se demonstrando profundamente insuficientes para conseguir barrar essa ofensiva de destruições e para conseguir acumular forças para tirar o governo genocida.

É por essa capacidade potencial do movimento educacional que precisamos inaugurar, portanto, no dia 29 de maio um novo ciclo de grandes lutas de massas para salvar a educação, as universidades e nosso futuro ecoando em alto e bom som o FORA BOLSONARO.

Sem dúvidas, as ações de ruas nesse momento da pandemia demandam um profundo cuidado organizativo da esquerda. Devemos assumir a responsabilidade de estabelecer formas de manifestação sanitariamente seguras, com campanhas de doação de máscaras PFF2, uso de álcool em gel e distribuição de folhetos informativos das medidas sanitárias necessárias. Além disso, a construção de narrativa política que demonstre a urgência da luta de rua nesse momento precisa estar conectada com a realidade da maioria do povo.

A falta de um auxílio emergencial decente e agora sua redução a quase nada obrigou o povo a se submeter às piores condições de trabalho já vistas, com salários miseráveis, tendo que utilizar o transporte público comumente superlotado e sem acesso aos instrumentos de proteção. É nesse cenário de destruição das políticas sociais que para a grande massa da classe trabalhadora o direito ao isolamento social nunca existiu, e vivem, desde o início da pandemia, em condições extremamente precárias e de super exposição ao vírus, fundamentalmente nas periferias.

Ainda, com os cortes, a lógica do governo genocida é construir um presente ruim e um futuro pior ainda para as gerações dos filhos da classe trabalhadora, pois essa retirada de verbas da educação superior significa não só o desmantelamento objetivo das universidades públicas, mas possui também uma dimensão de cercear os sonhos de vários jovens pobres por um futuro mais digno e justo a partir da entrada no ensino superior. Querem que voltemos ao passado, onde só quem tinha acesso às universidades eram os jovens de classe média e alta.

Queremos salvar a educação e as universidades para construir um país mais justo, possibilitando que os filhos de porteiros, manicures e empregadas domésticas tenham condições de produzir conhecimento para ajudar o desenvolvimento social e econômico do Brasil. Nosso grito segue a ideia do revolucionário latino americano, Che Guevara, de colorir a universidade e pintar de povo esse espaço que sempre foi instrumentalizado pelas elites para garantir a manutenção de seu poder.

Mas, para conseguirmos salvar a educação e as universidades, precisamos derrotar Bolsonaro, seu projeto e sua corja, tirando-o da presidência da república o mais rápido possível porque o povo e o patrimônio brasileiro não suporta mais tamanha destruição, irresponsabilidade e genocídio. Não aguentamos mais chorar por vidas perdidas pela política de morte, que já matou mais de 450 mil pessoas. E para tirar Bolsonaro, precisamos ir às ruas, com muita unidade política e organização para conseguir aglutinar as maiorias sociais para essa luta pela vida e pelo Brasil.

Se vamos às ruas na pandemia é porque o Presidente é mais perigoso que o vírus! FORA BOLSONARO!

  • Guilherme Barbosa é estudante de direito na  UFT,  diretor de políticas educacionais da UNE e Secretário estadual da Juventude do Partido dos Trabalhadores no Tocantins.
  • Naiara Mascarenhas é mestranda em Serviço Social na UFT e membra da executiva municipal do Partido dos Trabalhadores em Palmas. 

 

 

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