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Marina e Campos, zig e zag

1110385Por Joaquim Soriano *

O insuspeito Armínio Fraga disse em entrevista recente (Estado de São Paulo, 20 de outubro de 2013) que o programa econômico de Marina está em boas mãos:

“O caso de Marina é interessante. Está se assessorando com economistas como Eduardo Gianetti e André Lara Resende, o que, a meu ver, dá um sinal muito positivo”.

É interessante mesmo ver como uma candidatura que se pretendia pós Lula e Dilma – preservar o que é bom e avançar no que precisa – tão rapidamente torna-se porta voz dos interesses da “finança”, reivindica o programa de FHC e tem entre os seus colaboradores e admiradores a turma que estava com FHC. A mesma turma que se lixou para o povo e para o Brasil.

E como fica o Eduardo Campos? Na largada da aliança com Marina, aceitou o descarte de Ronaldo Caiado (DEM e líder ruralista) porque Marina assim quis. Os menos avisados disseram que era um sinal à esquerda, zig…e ao mesmo tempo a defesa do tripé neo liberal(1) , zag … rápido à direita. E aí ficou.

Não tem sustentabilidade ambiental e social que aguente as forças do mercado, as ordens da “finança”. Só se for uma política cosmética! Desculpem, mas a rede do Itaú e Natura fazem uma dupla irresistível.

Eduardo Campos esforçava-se para se apresentar como o pós-Lula. Mesmo com projeto e aliados em conflito com o legado dos governos Lula, procurava firmar sua candidatura por esse caminho.

Do jeito que a coisa andou, com as declarações de Marina, com os apoios que recebe e com as relações que ele mesmo busca estabelecer, tudo indica que a tática mudou.

Agora é ocupar o lugar do PSDB. Isso mesmo. Disputar com o PSDB o lugar de segunda força eleitoral nacional.

É claro que a situação do PSDB favorece o objetivo do PSB. Serra ficou no PSDB e mantém a disputa interna com a pré-candidatura de Aécio Neves. Todo dia sai na mídia empresarial que Serra atua e que ainda podemos ter surpresas. Para complicar mais um pouquinho o imbróglio dos tucanos, o programa eleitoral do PSB em São Paulo foi uma homenagem ao governador Alckmin!

Enquanto isso, saem as pesquisas e a candidatura à reeleição da Dilma aparece fortalecida. Pelos seus méritos, é claro, e pela fragilidade das alternativas de oposição.

O resultado da última pesquisa divulgada dava vitória para Dilma em todos os cenários. Ainda não pegava a assinatura do Mais Médicos e o pronunciamento pós leilão de Libra. Nem o horário do PT na TV. Duas ações do governo de grande impacto. Não só pelo seus efeitos específicos, mas principalmente porque o governo disputou posições e ajudou a formar uma opinião pública favorável.

Este exercício da disputa política, quando organiza uma narrativa e a apresenta ao povo é o caminho iniciado em junho, no diálogo com as demandas das ruas e que precisa avançar.

Disputar e vencer a eleição presidencial de 2014 é a principal tarefa do campo democrático e popular. A direita sabe que fazer o quarto mandato é muito definidor do futuro. É a possibilidade de estabelecer um projeto duradouro de nação. Nós sabemos que fincamos as bases e que está surgindo um novo país. Não só uma nova configuração das classes sociais – com a superação da miséria extrema – e o surgimento de uma nova classe trabalhadora e o adensamento geral da classe, como também a maior inserção soberana do país no mundo e a extraordinária reformulação da infraestrutura.

Todas estas mudanças serão ainda mais sentidas pelo povo nos próximos anos. Com a entrada em cena dos benefícios sociais, especialmente na educação e na saúde, dos lucros da exploração do petróleo. Cuidar deste futuro imediato é a nossa maior responsabilidade.

Impedir a marcha à ré

É para organizar esta disputa de hoje com os olhos no futuro que urge restabelecer o papel dirigente do PT.

Enfraquece o nosso campo quando, frente a uma questão importante, o governo tem uma posição, os movimentos sociais pendem para outra e o partido fica paralisado. Ou sua bancada de deputados (as) fica dividida.

Numa questão tão estratégica como o leilão de Libra, com os fartos e sólidos argumentos do governo – expostos com toda a clareza pela presidenta Dilma na noite da segunda-feira, 21 de outubro, em cadeia de TV – faltou partido. Faltou o insubstituível papel de mediador. Mediar, juntar as partes, colocar em volta da mesma mesa para conversar, argumentar.  Papel que não é nem pode ser exercido só por uma pessoa, que passa por restabelecer direções colegiadas.

Vencer em 2014 é decisivo. Nós sabemos disso e os nossos inimigos também sabem. Por isso, a cada minuto é preciso o melhor da nossa inteligência para consolidarmos forças sociais e políticas e construir a vitória. Sem, nem por um segundo, subestimar a força do inimigo. Que pode aparecer com uma, duas ou mais caras – mas é sempre forte, pois representam os interesses dos pretensos donos do mundo.

* Joaquim Soriano é editor do Portal da DS e membro do Grupo de Trabalho Nacional da DS. 

(1) O tripé liberal e conservador do FHC era assim constituído:  I) política fiscal – realizar superávits primários necessários para reduzir a relação dívida/PIB; II) política monetária – utilizar a taxa de juros como único instrumento de controle da inflação; III) política cambial – estabelecer um regime de câmbio flutuante em que o mercado determinaria a taxa de câmbio e, portanto, o BC não precisaria acumular reservas em grandes volumes.

 

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